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Opinião
Segunda - 20 de Julho de 2020 às 06:43
Por: lLuana Valentim

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Que o machismo é opressor, isso não é novidade. Mas é importante ressaltar que os homens também são vítimas deste ato patriarcal. Desde os primórdios o homem é cobrado para nunca falhar sexualmente e não demonstrar sentimentos, pois era considerado sinal de fraqueza. A recusa por sexo, fazia dele perante a sociedade uma pessoa sem virilidade. Esta cobrança foi aumentando com o passar dos anos, afetando a sexualidade masculina.

Também não tendo direito de escolher quando e com quem perder a virgindade, na adolescência o pai levava o menino a um ‘cabaré’ para que ele pudesse ter sua primeira transa com uma garota de programa, que muitas vezes eram bem mais velhas. Este ato era como um ritual de transição da vida de menino para de homem. Os anos se passaram e muita coisa evoluiu, mas essa responsabilidade de nunca ‘falhar’ que os homens carregam ou acham que devem carregar ainda permanece.

Por mais tratamentos e métodos existentes hoje que ajude a melhorar uma disfunção erétil ou uma ejaculação precoce, os homens ainda têm receio em pedir por ajuda. Durante a relação sexual, o homem faz tanto esforço para não falhar que isso acaba levando-o a disfunções sexuais

Sim, esses problemas são mais emocionais do que físicos. Muitos clientes que me procuram pela massagem tântrica - que é um dos métodos que trata esses problemas - sempre dizem que eram homens sexualmente ativos e que ‘davam conta do recado’, mas que agora não conseguem mais ter o mesmo efeito. E tudo está relacionado ao emocional. O homem tem medo da idade, de não conseguirem mais suas vidas sexuais como no começo, o que realmente muda com o passar dos anos. Na cabeça de muitos, é um pênis ereto que o faz homem.

Não podemos dizer que 100% dos homens ainda tem esse pensamento tão medieval, mas ainda há grande parte deles que ainda tem a sua sexualidade afetada. Por mais que eles tenham uma liberdade bem maior que as mulheres conhecendo o próprio corpo desde bem novos sem repressão e que recebam da sociedade toda uma liberdade para explorar a sua masculinidade. Ainda sim, essa liberdade é na verdade uma farsa, pois nela exige-se que o homem tem que ser forte, sexual e potente.

E como ele foi ensinado a apenas se satisfazer, acreditam que ‘marcar o gol’ é conseguir ejacular. A maioria não tem a mínima ideia de como dar prazer a uma mulher, muitos não aceitam aprender com elas por terem sido ensinados que nesta área quem domina são eles, porém foram ensinados de forma totalmente errônea, prova disso é que uma pesquisa feita pelo Programa de Atendimento Sexual que funciona no Hospital das Clínicas de São Paulo da USP aponta que 78,8% das mulheres brasileiras estão insatisfeitas com a vida sexual e a principal queixa é a falta de preliminares.

Luana Valentim é jornalista formada pela Unic, tem 26 anos, é orientadora sexual, terapeuta tântrica e youtuber.



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