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Opinião
Sexta - 24 de Julho de 2020 às 06:08
Por: Gonçalo Antunes de Barros Neto

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A comunicação atual não é a mesma de outrora. O narrador nato se afasta da sociedade, se tornando persona non grata. A busca pela facilidade de conhecimento, ainda que superficial, desmerece aqueles que se preparam com devoção para o desenvolvimento de trabalho eficiente e eficaz (W. Benjamin).

Os criadores textuais que esmiúçam a criação se encontram em baixa, não se sentem prestigiados para seguir adiante.

A comunicação contemporânea não é a mesma de outrora. A humanidade mais se preocupa em ler resenhas, resumos, acompanhar a facilidade da mass mídia, e por aí afora. A leitura descomplicada ficou mais apetitosa e interessante. Ninguém quer pensar, refletir.

O levante para a melhoria de leitores e narradores é algo necessário neste momento. Estima-se que em pouco tempo livrarias ficarão para poucos. O interesse inexiste em acompanhar escritas que acrescentem conhecimento reflexivo e mais complexo. Aconselho a leitura de Walter Benjamin (O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Magia e técnica, arte e política).

Cada vez mais se cobra do autor certo afastar da densidade de sua sensibilidade e talento. A leitura de sua arte passa a depender de uma realidade formatada sob influxos da dinâmica da vida, sem paradas reflexivas, num certo caminhar para o resumo fácil e efêmero.

Como explicar que o sentimento sublime indica ao pensamento a potência suprassensível, sua mais alta destinação, possibilitando assim a passagem entre o reino da natureza e o reino da razão prática segundo um princípio puro do juízo? O pensamento, a imaginação, enfim, a representação, é de extrema importância nesse processo, pois é o elo entre o sensível e o não sensível.

Isso tudo não é de hoje. Newton, por exemplo, matemático, grande inventor do cálculo, articulador da gravitação universal, juntamente com as suas três leis, conhecidas como leis de Newton, afirmava ser teísta. Dizia o também físico que ao olhar para o sistema solar, não conseguia pensar que um Ser Superior não pudesse ser o Criador. Isso é inspiração, sensibilidade, é a busca da uma ideia por fundamentos metafísicos.

Newton se debruçou sobre influencias heterodoxas, como alquimia, cabala, numerologia e Escrituras Sagradas, acreditando que tudo provém de Deus. Ele criou bases para a física clássica, sendo agente formador de opinião da Filosofia Natural. Construiria ele tais caminhos se acaso afastasse da sua mais forte sensibilidade, intuição e inspiração?

Resistiu, penso, ao encanto de ter sido mais lido de época, não aceitando o preço de tal renúncia.

É por aí...

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é graduado em Filosofia e Direito pela

UFMT.



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