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Opinião
Sexta - 04 de Setembro de 2020 às 06:12
Por: André Henrique Crepaldi

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Com o avanço da pandemia do novo coronavírus tem-se tentado descobrir por que determinados pacientes evoluem de forma mais grave, enquanto outros passam pela contaminação de forma assintomática. Como uma doença nova, médicos e cientistas por todo mundo estão tentando entender os mecanismos de ação do vírus em cada pessoa.

Em julho de 2020, uma das revistas de medicina de maior prestígio no mundo, a New England Journal Medicine, publicou um artigo mostrando que pessoas com grupo sanguíneo A tem um maior risco de desenvolver a doença com as formas mais graves. Parece haver uma relação entre o tipo sanguíneo da pessoa e a suscetibilidade ao contágio ou à gravidade da doença.

O artigo relata o estudos de um grupo de cientistas que analisaram 1.980 pacientes com Covid-19 de Hospitais da Espanha e da Itália. Compararam com 2.381 pessoas saudáveis ou com sintomas leves da doença. Estudaram, então, o DNA dos pacientes e verificaram que duas regiões do genoma, que estavam associados a formas mais graves da Covid-19. Estas regiões incluem o gene que determina o grupo sanguíneo.

A pesquisa detectou que pessoas do grupo sanguíneo A apresentam um risco 45% maior de desenvolver a doença na forma mais grave. Mostrou ainda, que aqueles do grupo sanguíneo O tinham uma redução de 35% de risco de apresentar a doença em sua forma mais grave.

Os pesquisadores, liderados pelo doutor Andre Franke, da Universidade Christian-Albrecht de Kiel, na Alemanha, e pelo doutor Tom Karlsen, do Hospital Universidade de Oslo, na Noruega, descobriram uma série de variantes em genes envolvida nas reações imunológicas mais comuns em pessoas com casos graves. Estes genes também estão envolvidos com uma proteína de superfície celular chamada ACE2, que o coronavírus usa para ter acesso às células do corpo e infectá-las.

Este estudo acabou mostrando a associação entre grupo sanguíneo e a gravidade da doença causada pelo novo coronavírus, mas não é suficiente para indicar uma causa e efeito.

O grupo sanguíneo faz parte de uma série de heranças genéticas que o ser humano carrega, e esta porção do DNA pode levar a alterações com maior vulnerabilidade ao coronavírus.

O estudo, então, indica que pessoas do grupo sanguíneo O podem diminuir os cuidados relativos ao o contágio da doença como distanciamento social, uso de máscaras, lavar as mãos, usar álcool em gel? De forma alguma, ainda não sabemos muita coisa sobre o vírus.

Quem tem grupo sanguíneo A, por outro lado, não deve entrar em pânico! O grupo sanguíneo faz parte de uma série de outras heranças genéticas que o ser humano recebe. Assim, não necessariamente o grupo sanguíneo, mas um grupo de genes, pode estar envolvido na gravidade da Covid-19.

Portanto, os cuidados devem continuar para toda a população, independente do grupo sanguíneo. A Covid-19 já tirou mais de 113 mil vidas somente no Brasil, com cerca de 3,5 milhões de infectados. Em todo mundo foram, até agora, quase 800 mil mortes e mais de 22,6 milhões de infectados. Dados alarmantes, que nos dizem que todas as medidas de segurança devem ser mantidas, enquanto todos não estiverem devidamente imunizados por uma vacina segura e eficiente.

*André Henrique Crepaldi - Oncologista e Hematologista da OncoLog



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