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Opinião
Sábado - 12 de Setembro de 2020 às 09:36
Por: Michelle Leite de Barros

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Nem só de princesas que perdem o sapatinho de cristal ou que só acordam de um sono profundo com o beijo do príncipe encantado vive a Disney. Há também as que fazem da sua força e coragem o seu próprio final feliz (bem mais interessante, verdadeiro e atual, né meninas?).

A Disney lançou o live-action de Mulan nesse ano de 2020 e, assistindo agora já adulta, percebo pontos que não percebia quando criança. Fa Mulan é a filha mais velha de um honrado guerreiro, o qual recebe a notícia de que um homem de cada família deverá servir no exército imperial segundo ordens do imperador da China.

Ocorre que ela decide ir no lugar de seu pai, que além de estar velho, também está doente, porém sem o consentimento deste.

Então, Mulan se disfarça de homem e juntamente com outros participa de um treinamento pesado para combater os invasores. De acordo com a cultura retratada na história, uma mulher não poderia ser uma soldada, mas sim honrar sua família se casando, estando sempre impecável, bem maquiada, sabendo colocar a mesa corretamente, se calando diante do marido, ficando em casa, entre outras regras absurdas que somente uma pessoa bem machista julgaria corretas.

Num dos intervalos do treinamento, os homens se reúnem e um deles pergunta a Mulan qual seu ideal de mulher, eis que a resposta foi: “corajosa, com senso de humor e esperta”. Todos acabam rindo, pois para eles nenhuma mulher poderia ter alguma dessas virtudes, já que todas essas eram características de um homem.

Nem só de princesas que perdem o sapatinho de cristal vive a Disney

Mulan quebra regras e se torna a mais forte, mais corajosa e mais capacitada dentre todos para lutar no combate que se aproxima. Ao descobrirem que ela é uma mulher, mesmo já tendo mostrado toda sua competência, a expulsam. Porém, ela é a única capaz de salvar o imperador e toda sua nação.

Os pilares da virtude consistem em lealdade, coragem e verdade. Contudo, nossa heroína apesar de ter mentido sobre sua identidade, mostrou-se extremamente leal e corajosa, garantindo assim a sua participação na batalha. Mulan salva o imperador de morrer e como diz no filme: “Ela salvou a dinastia e o reino inteiro está em dívida com ela”; “ela cobriu de honra seus ancestrais, sua família, seu vilarejo e seu país”.

Assim, a nobre guerreira é chamada para ser Oficial da Guarda do Imperador, mas recusa, tendo em vista que primeiro precisa voltar para casa para pedir perdão a sua família, especialmente a seu pai, afinal perdeu a espada dele no confronto. Chegando lá, o pai de Mulan diz que sua filha é tudo o que mais importa para ele e pede perdão à filha.

O imperador solicita que Mulan reconsidere o convite e que se junte aos demais guerreiros: “A garota se tornou soldado, a soldado se tornou uma líder e a líder se tornou uma lenda”.

Quantas lendas mulheres vemos todos os dias por aí, e quantas não estariam sendo lendas se não fosse todo o atraso que ainda permeia a sociedade?

Michelle Leite de Barros é advogada em Cuiabá-MT.



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