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Opinião
Segunda - 21 de Setembro de 2020 às 10:12
Por: Juliana Zafino Isidoro Ferreira Mendes

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Ainda quando criança, percebi que ser mulher é algo incrível e ao mesmo tempo desafiador. A doçura e disciplina da minha avó e a força e determinação da minha mãe me inspiraram a trajetória.

Na minha casa, homem e mulher trabalhavam e isso contribuiu para a formação da minha visão de paridade. Apesar disso, desde muito cedo percebi que para conquistar meu espaço, teria que me esforçar mais. Meu pai me educou como sua extensão e isso contribuiu para a minha visão de capacidade, independente do gênero.

Entendi ao longo da vida que ser mulher é ser doce e firme, forte e fraca, ter medos e coragem, é ter capacidade de sorrir e chorar, de cair e levantar. Ambiguidades inatas a todas nós.

No mercado de trabalho essas características nos acompanham. Quem nunca chorou em silêncio no banheiro? Mas isso faz parte do nosso universo. Não porque somos choronas, mas porque nos permitimos sentir e isso nos torna mais fortes do que fracas.

Na minha casa, homem e mulher trabalhavam e isso contribuiu para a formação da minha visão de paridade

Aguentamos pressão, enxaquecas, cobranças e ideias pré-concebidas sobre nós e continuamos nossa marcha, sempre em frente, enfrentando e transpondo cada obstáculo. Brigamos por salários iguais, por respeito, por equidade.

Há vinte e dois anos decidi que seguiria a carreira de advogada. Não foi nada fácil. Abrir um escritório, comprar os móveis em parcelas a perder de vista. Orar todos os dias para os clientes aparecerem e fecharem contratos...

A advocacia me permitiu vivenciar situações e analisar as questões sob vários prismas, muitas vezes além do direito. Não lidamos apenas com processos, mas com pessoas. Estudá-las, ouvi-las, acolhê-las e direcioná-las requer não apenas estudo, visão sistêmica, bom senso. Requer também muitas outras habilidades que somos convidadas a desenvolver ao longo da nossa caminhada profissional.

Acredito que uma carreira de realizações é construída com esforço e muita dedicação. Além da “pompa”, que acreditamos que teremos enquanto estudantes de Direito, existe a circunstância de noites em claro, abdicação, muito estudo, pesquisas, mais estudo, exercício de paciência, desenvolvimento de inteligência emocional, insistência, persistência, oratória e trabalho duro.

Além de tudo isso, temos que conciliar o lado profissional com nossas multitarefas: mãe, companheira, dona de casa, filha, irmã, melhor amiga de alguém.

Desempenhar bem todos esses papéis e ainda buscar a excelência na carreira – especialmente se você escolheu o universo jurídico para desbravar – exige disciplina, força de vontade, resiliência... e o desafio de encontrar um tempo para cuidar de si mesma.

Uma carreira de realizações não é construída da noite para o dia. Afinal, somos aprendizes e cada etapa conquistada é importante. É seguir desafiando-se na medida certa e comemorar cada objetivo alcançado. Tudo tem o seu tempo e devemos aproveitar ao máximo a caminhada.

Encerro provocando uma reflexão. O escritor e psiquiatra austríaco Viktor Frankl destaca em um de seus livros que existem três valores centrais na vida: a experiência, a criação e a atitude.

A nossa atitude, sem sombra de dúvidas, será nosso referencial para respondermos às experiências que a vida nos trouxer e naquilo que temos a oferecer ao mundo. E você, qual tem sido a sua atitude diante da sua vida profissional?

Juliana Zafino Isidoro Ferreira Mendes é advogada, Consultora em Compliance



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