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Opinião
Quinta - 19 de Novembro de 2020 às 06:11
Por: Rosangela Lucas

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Viver em paz não é viver sem problemas, sem dificuldades. Viver em paz é viver com a certeza de que não está vivendo de forma morna ou mais ou menos!

Uma das coisas mais profundas que já vi sobre propósito de vida, foi escrito por Mario Quintana poeta gaúcho, que escreveu em seu epitáfio, parece piada, mas não é que diz: “Eu não estou aqui”. Onde está Mario Quintana? Em nós, na amizade que repartiu, na solidariedade que ofereceu, na fraternidade que edificou, na liberdade que degustou.

Só tem um jeito de ficar. Lamento, só há um jeito de ficar. Ficar nos outros.

Benjamim Disraeli, grande primeiro-ministro do Reino Unido durante o reinado da Rainha Vitoria, proferiu uma frase que gosto muito: “A vida é muito curta para ser pequena”. O que apequena a vida? O desperdício de convivência, a incapacidade de ter algo que não seja superficial, a possibilidade de esquecer a noções importantes da vida que são: fraternidade, solidariedade, amorosidade, aquilo que eu sou, a minha capacidade humana de conviver, ela precisa ter.

Em seu diário, Goethe escreveu o seguinte: “Penso que devo ser mais cauteloso ao analisar os dias bons e ruins conforme eles ocorrem dentro de mim”. “Emoção, amor, desejo, cordialidade, criatividade, dinamismo, verdade, alegria, energia, fadiga, teimosia e aceitação, todos parecem surgir e desaparecer de acordo com uma programação própria.”

Uma vida pequena é aquela que nega a vibração da própria existência. O que é uma vida banal? É quando se vive de maneira automática, robótica sem uma reflexão sobre o fato de existirmos e sem consciência das razões pelas quais fazemos o que fazemos.

Existe uma obsessão consumista, uma ideia de que eu sou aquilo que eu tenho, e não é verdade. E sou aquilo que eu faço, relaciono, convivo com outros. O que vale na vida é ser importante. Não necessariamente ser famoso.

Importante é aquela pessoa que é importada por outra. Isto é, que a pessoa leva para dentro. Isso significa importar. Tem muita gente na sua vida que é importante, mas não é famosa. A fama passa! A pessoa importante faz falta. Muitas pessoas foram importantes: Irma Dulce, Nelson Mandela, Gandhi, Jesus Cristo, Martin Lutero.

Eu, Rosangela, quando me for, quero fazer falta. Fazer falta significa que eu tenha ficado nas pessoas. E isso não necessariamente tem a ver com o que eu tenho. Não seja possuído por aquilo que você possui. Não seja propriedade das suas propriedades. Há pessoas que não são lembradas porque foram malévolas. Você morre quando é esquecido. Morrer é ser esquecido.

Nós somos mortais! “É obvio isso”! Cuidado, tem gente que sabe disso e não toma nenhuma providência. Vive como se fosse eterno, como se tivesse todo o tempo do mundo.

Eu não estou preocupada com a morte, porque ela é um fato. Eu estou preocupada com a vida, enquanto a minha morte não ocorre, o que eu faço até lá para a minha vida não ser inútil ou descartável?

Qual o agradável prazer da sua presença? Quando você se for, o que vai ficar? Como nada vamos levar, o que vamos deixar que não estrague, não apodreça e não seja objeto de disputa.

Na vida, nós devemos ter raízes, e não ancoras. Raiz alimenta, ancora imobiliza. Palavras do filósofo Daisaku Ikeda no qual diz: “A morte não é a maior tragédia do ser humano, é pior quando algo vital dentro da pessoa morre enquanto ela ainda está viva. Essa morte é certamente a coisa mais terrível e trágica”.

Qual o seu propósito?

Rosangela Lucas é professora e escritora.



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