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Opinião
Segunda - 14 de Novembro de 2011 às 08:24
Por: Bruno Peron

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Por que não se dá a atenção devida à educação infantil? Famílias descuidam seu papel como educadores e incumbem proles insustentáveis ao Deus-dará ou o Estado-proverá.

As crianças desenvolvem-se em sociedades de comunicação e informação e adquirem destrezas distintas das que se requeriam nas gerações anteriores. Um jovem de dez anos maneja com facilidade a maioria das funções de um aparelho celular recém-lançado, enquanto um adulto de cinquenta engatinha no uso das novas tecnologias.

A juventude é a fase mais delicada e vulnerável de formação do caráter. É nela que os pais e outros entes envolvidos no processo educativo devem oferecer o melhor de si para a tarefa reprodutiva e evolutiva a que se sujeitaram.

Não por acaso sustento medidas radicais de controle de natalidade em países subdesenvolvidos a fim de que as famílias propiciem às crianças todo o carinho e os recursos necessários para a construção de seres dignos e cientes de seus direitos e deveres.

As políticas governamentais brasileiras por vezes desprezam a formação da criança como construtora de uma nação forte e exemplar. Em vez de buscar parcerias com gestores de outras políticas públicas sociais, acabam por tratar a criança tão pontualmente como o médico ocidental extirpa o efeito físico das doenças e despreza as causas emocionais.

Logo surgem políticas públicas de aprovação automática nas escolas de ensino fundamental, criação de cursos que preparam o jovem para ser mão-de-obra braçal e mal remunerada o resto da vida, e formação de laços estranhos com a iniciativa privada que têm transformado o prestígio dos estudantes de colégios públicos em vira-latas atrás de sucatas.

É preciso ser hábil, probo e responsável para lidar com políticas públicas educativas voltadas aos jovens, visto que recrudescem-se os interesses privados sobre a esfera pública e a tentativa de omitir também o idioma português através do ensino bilíngue desde muito cedo e em prol quase sempre do inglês.

A criança demora para ter consciência daquilo que lhe inculcam desde idades imaturas, destarte as mudanças de orientação religiosa e as rebeldias serem tão frequentes na adolescência. É uma temporalidade da formação que demanda ofertas benéficas e variadas para estimular a criatividade, e o acompanhamento dos responsáveis.

Não é raro que as crianças sugiram ideias e ações diferentes das de seus familiares e passem esporadicamente a educá-los como se houvesse inversão de papéis. Tenho acompanhado políticas municipais que visam a educar as crianças para o trânsito muito antes da habilitação a fim de que se gere um "efeito multiplicador".

A consideração das crianças como esperança de um mundo melhor não subtrai a importância que atribuo às outras faixas etárias, que culminam no heroísmo dos idosos em superar as vicissitudes e os desafios da vida. Estes fenecem e levam consigo enciclopédias biográficas e experiências profundas da existência, raramente captadas pelas gerações subsequentes e entranhadamente embebidas nas fontes modernas de informação.

As trilhas do processo educativo são amplas nalguns trechos mas sinuosas noutros porque os gestores nem sempre se dispõem a acompanhar a conjuntura cultural e os desafios emergentes que tornam o giz um monitor em preto e branco.

É comum escutar que os jovens leem pouco e a falta deste hábito os tem emburrado, porém nunca se leu tanto como na era atual transpassada pelos meios de comunicação e informação, como mensagens de texto em celular, legendas de filmes, bate-papos virtuais, e publicações de amigos em redes sociais.

Este diagnóstico, porém, poderia situar-se melhor nos tempos atuais desde que se critique o conteúdo das leituras e como elas contribuem (ou não) para a formação cívica num período tão vulnerável desta geração.

Crianças devem crescer com oportunidades variadas e instruções para fazer a escolha menos passível de arrependimento, assim se evita a fatalidade de ter que seguir um ofício e não outro de seu interesse e se lhes reserva a responsabilidade sobre seus pensamentos e atos.

Há que fazer uma aposta na dignidade das crianças através de atenção especial, que ignore laços sanguíneos e a presunção de que o problema da educação no Brasil resume-se nos salários baixos dos professores do sistema público de ensino.

Muitas vezes é viável inverter os papéis de quem ensina e quem aprende.

A finalidade desta inversão é o intercâmbio de carências e demandas.

O gonzo da educação articula as crianças com a sublimação do ser humano.

 

http://www.brunoperon.com.br



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