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Opinião
Segunda - 28 de Dezembro de 2020 às 06:04
Por: Renato de Paiva Pereira

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Não sei avaliar o governo Bolsonaro sob o ponto de vista econômico. Nem seria justo compará-lo com outros, porque ele foi prejudicado pela pandemia do Coronavírus, que detonou as finanças do mundo.

Mas, algumas atitudes dele, autodeclaradas louváveis, e, como tais, aceitas por seus seguidores convictos, eu reputo como danosas para a sociedade brasileira.

Uma delas é o empenho em desmerecer a ciência, desacreditar os cientistas e desprezar os pesquisadores. Este viés obscurantista, fartamente divulgado pelo Presidente, através das redes sociais, infelizmente convence a muitos, principalmente aqueles cujas fontes de informações, reduzem-se ao Instagram, whatsapp, twitter e similares.

Outra, é a obsessão de lutar contra a vacina da Covid, que a despeito de sua implicância deverá estar disponível no Brasil em janeiro/21, graças ao esforço do governador de São Paulo.

Não cabe indagar as razões que levaram o João Doria a empenhar-se tanto na missão de trazer o imunizante da China. Importa, isto sim, que ele venceu a teimosia do Bolsonaro e que, tudo indica, salvará muitas vidas com essa iniciativa. Não sei se tal provável vitória lhe dará votos suficientes para sua pretensão política em 2022, mas isso não tem a menor importância. Conta, na verdade, o salvamento das vidas que o Presidente desprezou.

Tem ainda uma outra herança bolsonariana que pode durar muitos anos, porque foi urdida com cuidado e implantada metodicamente: a campanha de desacreditar a imprensa.

Com essa atitude conseguiu convencer seus seguidores de que as notícias vindas pelo Whatsapp ou Twitter, por exemplo, são muito mais confiáveis que as divulgadas na imprensa tradicional, mesmo aquelas dos bons jornais brasileiros, vários com mais de cem anos de existência.

Com os discurso simplório e falso de que os jornais são todos contra ele, o Bolsonaro ignora que é função auto imposta dos jornalista cobrar constantemente o governo do momento. As pessoas que leem jornais sabem que o Lula também se dizia perseguido e culpava os mesmos veículos de comunicação que o atual presidente ataca.

O fato é que, se continuar nessa toada, daqui a dois ou seis anos, quando mudarmos de presidente, o Brasil terá regredido muito no processo civilizador.

Mas, se o Presidente despreza a ciência – um dos pilares da civilização - combate as vacinas que o mundo almeja e deprecia a imprensa tradicional – esteio da democracia - qual a razão de ter, ainda, tantos seguidores?

A principal razão, eu acho, é que a população que antes se informava mal, passou para outra fase, que é gastar o dia ouvindo e lendo bobagens, nas quais acredita.

Seguramente, não ter informações é muito melhor que tê-las deturpadas pelas redes sociais, que estão disponíveis a quase todas as pessoas. O mundo foi inundado por notícias ingenuamente ridículas, ou maldosamente forjadas, como é o caso dos boatos absurdos sobre efeitos colaterais das vacinas.

A ignorância dos fanáticos não tem limites. Acreditar que a China criou o vírus dessa pandemia para dominar o mundo, está acima de qualquer concessão que se possa fazer à idiotia.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor



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