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Opinião
Domingo - 28 de Fevereiro de 2021 às 08:22
Por: Renato de Paiva Pereira

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A atitude de Jair Bolsonaro de trocar o Presidente da Petrobrás, não foge nem um pouco de suas atribuições legais. Ao fim de cada mandato de dois anos o comandante da estatal pode ser reconduzido ao cargo ou, conforme decisão do governo, substituído por outro.

Assim, uma troca de comando na petroleira é uma atitude comum de governo, tanto que só no período da redemocratização já tivemos 21 presidentes, dos quais 20 civis e um militar.

Esta última troca poderia seguir o padrão normal, se não fosse feita pelo Bolsonaro, a quem falta sensibilidade. A confusão que ele armou com seu destempero, deu um enorme prejuízo à empresa, cujas ações caíram mais de 20%, uma desvalorização de 100 bilhões de reais em um só dia.

Diferente dos seus colegas anteriores, o Presidente não sabe substituir seus ministros e aliados com elegância. Ele sempre o faz grosseiramente, desprestigiando-os em público

Além disso passou uma péssima impressão para as pessoas e empresas que investem no Brasil. O solavanco foi tão forte que a bolsa caiu mais de 8%, com a saída de quase 10 bilhões de dinheiro estrangeiro. O dólar passou de R$ 5,60 e o risco Brasil, que baliza os juros internacionais, subiu 14% indo a 186 pontos.

Enquanto isso o Bolsonaro, nas coisas ruins, cada vez mais assemelha-se à Dilma e ao Lula. Imita a presidenta que usou a mesma Petrobrás para segurar a inflação, e repete o Lula elegendo algumas categorias para garantir votos na reeleição. Se o Lula protegia os funcionários públicos e metalúrgicos, o Bolsonaro escolheu os caminhoneiros e os militares.

Mas diferente dos seus colegas anteriores, o Presidente não sabe substituir seus ministros e aliados com elegância. Ele sempre o faz grosseiramente, desprestigiando-os em público. Foi assim com o Bebiano, General Santos Cruz, João Doria, Sergio Moro, Luiz H. Mandetta, Ricardo Galvão do Inpe, e agora com o Castello Branco da Petrobrás. Dá a impressão que ele tem um prazer mórbido em colecionar inimigos.

Sobre os caminhoneiros é bom dizer que desde aquela paralização de 2018, ostensivamente apoiada pelo então candidato Bolsonaro, tomaram o freio nos dentes e vivem ameaçando o País com nova greve, sempre que querem aumento no valor do frete.

O Fernando Henrique, a quem os bolsonaristas chamam de comunista, no começo de seu governo enfrentou e venceu uma dura greve dos petroleiros que insistiam em paralisar o país impedindo a distribuição de combustível. Ele (o FHC) estava certo, tanto que o TRT decidiu contra a paralisação. Estranho que o liberal Bolsonaro siga tutelado pelos caminhoneiros, enquanto o comunista Fernando Henrique não permitiu que os petroleiros, que tinham os sindicatos mais fortes na ocasião, lhe tomassem as rédeas das mãos.

Problemas complexos sempre têm uma forma fácil, simples, barata e.... errada de resolução. Situações complicadas exigem soluções sofisticadas, mas o Presidente demonstra não estar preparado para lidar com temas intrincados. Quem tem bagagem para resolver questões difíceis é o Paulo Guedes, mas parece que ele está na muda: encorujado num canto qualquer, não dá um só pio, enquanto o ídolo dos caminhoneiros complica a Petrobrás e o Brasil, para agradar seus fãs apaixonados.

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor.



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