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Opinião
Segunda - 31 de Outubro de 2011 às 10:10
Por: Lourembergue Alves

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Cada vez mais, tem-se a necessidade da participação da sociedade nos negócios públicos. Esta é uma exigência do próprio regime em que se vive. Pois inexiste sentido em se permanecerem alheio as questões políticas. Por maior que seja o índice de apatia que toma conta da sociedade brasileira. Nem tudo, felizmente, está perdido. Isso porque, volta e meia, observa-se um ou outro segmento social a questionar, reivindicar e cobrar determinados comportamentos por parte de quem foi eleito representante do povo. Agora, por exemplo, os moradores de Sinop se posicionam contrários ao aumento do número de cadeiras da Câmara local. 
 
Atitude elogiável. Mais ainda, quando se percebe toda a movimentação. Esta toda capitaneada pelas entidades do lugar, entre as quais a Associação Comercial e Empresarial (ACES), Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Norte de Mato Grosso (AENOR), Sindicato Rural, Central Única das Favelas (Cufa), Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Lojas Maçônicas. Estas são da opinião de que o município já conta com o número de vereadores suficiente, e, por conta disso, a Casa Legislativa local deveria permanecer com a mesma quantidade de vagas. Embora, recentemente, retrocedessem um pouco neste ponto, aceitando o aumento de duas cadeiras. Nesse sentido, o documento que elas enviaram ao Legislativo sinopense é bastante claro, e não deixa qualquer dúvida quanto à quantidade de vereadores ideal para o município.  uma vez que repudia o aumento de seis vagas. O que elevaria o número de onze para dezessete parlamentares municipais, a partir de 2013.
 
O estranho, no entanto, foi o Parlamento negar-lhes a realização de uma audiência pública, com o propósito de trazer a questão do aumento como tema, em uma franca discussão com a população. Tal posicionamento – contrário ao diálogo e a negociação – frustrou os manifestantes, que decidiram lavar a calçada do prédio do Legislativo durante a sessão do próximo dia 31, às 19h30. Atitude, uma vez mais, digna de nota. Pena, contudo, não vê-la estampada nas primeiras páginas dos jornais e nas manchetes dos noticiários televisivos e radiofônicos! Embora já esteja nas redes sociais – meios importantes e necessários, inclusive na convocação dos munícipes. 
 
Isso porque o engrossar do movimento é simplesmente algo imprescindível. Mesmo que não consiga reverter à situação. Pois o aumento das cadeiras no Legislativo municipal é legal, e não se trata de uma invenção ou vontade exclusiva do vereador sinopense. Mas legítimo, certamente não é, uma vez que o sentido de legítimo – na atual fase da democracia brasileira – passou a associar-se também à vontade e a necessidade da população, e esta – pelo menos a de Sinop – se posiciona em direção contrária aos interesses dos políticos. Estes agem e pensam em elevar suas possibilidades de eleição, enquanto a população não vê – na prática – ganho algum com um corpo legislativo formado de dezessete vereadores. Afinal, não é a quantidade que melhorará os trabalhos legislativos, mas a qualidade dos parlamentares. E, em função disso, diz um morador do lugar: “13 é uma quantidade que não afeta negativamente o município”. Até porque “se tem dinheiro sobrando, então por que não diminui o duodécimo e com esse recurso se cria uma guarda armada”? A segurança é um problemão, e que afeta todo o Estado. 
 
De todo modo, vale acrescentar, a manifestação dos moradores de Sinop serve como esperança. Esperança de que, em determinado momento, as pessoas assumam suas responsabilidades no que tange as questões políticas, e que estas não sejam tão somente decididas pelos chamados representantes. Um exemplo a ser seguido.   

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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