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Opinião
Domingo - 28 de Março de 2021 às 08:54
Por: Renato de Paiva Pereira

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“Estamos no mato sem cachorro”. Esse ditado rural que sugere uma situação extrema de não ter a quem recorrer, define bem nossa dificuldade diante da pandemia descontrolada da Covid-19. Se o tal comitê de gerenciamento da crise sanitária, gestado no começo da semana e aceito sem nenhum entusiasmo pelo Presidente, não for implantado imediatamente e funcionar como precisa, “a vaca vai pro brejo”, ou melhor, não a salvaremos, por que atolada ela já está.

Esse comitê, se instalado com pessoas que tenham o compromisso de cuidar da pandemia sem viés político, isto é esquecendo-se das desavenças de Bolsonaro com Lula, Dória com Caiado, Mauro com Emanuel etc, tem a possibilidade de dar um rumo para o combate da doença nesse momento dramático.

Mesmo sendo verdade que não devemos esperar muito dos políticos, pois eles histórica e culturalmente sempre priorizam os interesses pessoais, resta-nos, ainda sonhar com uma solução que nos livre de nos tornarmos o campeão mundial de mortes por covid.

Qual seria essa solução? Não precisa ser um sanitarista para ter uma ideia do que deve ser feito, basta observar os exemplos bons e maus. O Brasil não aprendeu com o exemplo doméstico do Amazonas e está indo pro mesmo caminho. A lição dos Estados Unidos é contundente: foi só tirar o Trump que tudo se arranjou. O Biden, que havia prometido aplicar 100.000 doses da vacina em 100 dias, o fez em 58. Diante do sucesso, dobrou a meta.

“Estamos no mato sem cachorro”. Esse ditado rural que sugere uma situação extrema de não ter a quem recorrer, define bem nossa dificuldade

A vacina – todos sabem – é o que realmente funciona e ao fim e ao cabo ela se imporá. Mas é um remédio, cujo resultado demanda tempo e não consegue estancar de imediato o número de mortes. Primeiro pela escassez, no caso do Brasil definitivamente causada pela omissão do Presidente, que preferiu ficar ridicularizando a vachina do Dória e recusando ofertas de compra das farmacêuticas, quando havia possibilidade de fazê-la.

Como a vacina não tem o poder de reduzir imediatamente o contágio geral, precisamos dar as condições possíveis para que a pessoas permaneçam vivas, enquanto aguardam sua dose e que, aplicada, produza a imunização.

Como isso se faz? Sabendo que o contágio desta doença se dá principalmente durante reuniões sociais, o caminho é evitar, por algum tempo, que as pessoas se encontrem.

Sei que é muito mais fácil de escrever isso, do que fazer. Basta ver que aqui em Mato Grosso o governador tentou antecipar os feriados, medida que achei interessante, mas a Assembleia não permitiu. Depois sugeriu um Lockdown, que também não prosperou porque, conforme ele informou, a maioria da população o rejeita. No fim contentou-se com medidas paliativas, possivelmente insuficientes.

Os cidadãos recusam porque desde o princípio da pandemia as administrações federal, estaduais e municipais não se entenderam e eles não sabem a quem seguir.

Os bolsonaristas, que são maioria em Mato Grosso, seguem a linha do Presidente e não concordam com o distanciamento. Assim é possível que convençam os empresários a desrespeitarem medidas eventualmente tomadas aqui no Estado, mesmo as judiciais.

Se o comitê nacional aprovado pelos três poderes não funcionar para tomar as medidas amargas, vamos sofrer ainda algum tempo com as mortes aumentando, até que a vacina comece a agir.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.



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