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Opinião
Sexta - 11 de Junho de 2021 às 09:39
Por: Alfredo da Mota Menezes

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A revista de economia mais famosa do mundo, The Economist, em 2009, trouxe uma capa em que mostrava o Cristo Redentor, imagem mais conhecida do Brasil no exterior, decolando como se fosse um foguete.

A economia brasileira vinha crescendo desde algum tempo e a desigualdade social diminuía.

Em 2013, a mesma revista colocou na capa um Cristo Redentor despencando e sem rumo. Antecipando o que viria a partir de 2014, já mostrava um Brasil com a economia se complicando.

Agora, em 2021, The Economist trouxe o mesmo Cristo Redentor usando máscara de oxigênio, como se estivesse sufocando e sem saber para onde ir. A longa matéria mostra os equívocos da economia brasileira e lança preocupações sobre o momento politico e o rumo da democracia no país.

A base maior das diferentes matérias da revista é o que preocupa por muito tempo muita gente no Brasil e também no exterior: por que o Brasil não tem uma sequência duradoura de efetivo crescimento econômico?

A economia brasileira vinha crescendo desde algum tempo e a desigualdade social diminuía

Sempre tem algo no meio do caminho que faz a economia despencar como a imagem do Cristo Redentor na capa de uma das edições da revista inglesa. Isso é uma constante em nossa história.

Outros países têm sequência de crescimento econômico por décadas seguidas. Tem um ou outro atrapalho no meio da estrada, mas não que faça perder década em estagnação econômica, com consequências na vida social do país. Não tem sido o caso brasileiro.

Não precisa ir longe na história para perceber isso. Comecemos pelo regime militar. Desde o governo Ernesto Geisel, com as crises do petróleo e da dívida externa, o país começou a capengar. A coisa cresceu muito no governo seguinte de João Figueiredo. Foram três anos de brutal recessão.

A inflação chegou também. Quando ele deixou o governo a inflação anual já passava de 200% ao ano. Ou alguém acha que os militares iriam deixar o poder, ou perdê-lo para a oposição num tal Colégio Eleitoral, se a economia estivesse crescendo?

No governo Sarney a inflação chegou a ser mais de mil por cento ao ano. Apareceu Collor de Mello como “salvador” da pátria, foi mandado embora não por causa de um Fiat Elba, mas porque a economia estava em pandarecos. Foi, no total, uma década perdida na economia e no lado social.

Do fim da inflação, ali por 1992, até 2013, houve crescimento econômico no país, daí a capa do Cristo decolando. Daqui a pouco, a partir de 2014, lá estava o Brasil ladeira abaixo mais uma vez, incluindo a maior recessão de nossa historia, em 2015 e 2016. O brasileiro vai ter a renda de 2014 somente em 2024. Outra década perdida na economia.

Não temos sequência de crescimento. Ganha-se num momento e perde-se em outro. Daí as diferentes imagens do Cristo Redentor, criadas pela revista do exterior.

Este é o assunto mais importante do país para ser enfrentado e ficamos, agora como no passado, discutindo picuinhas e vivendo de factoides criados na ilha da fantasia que é Brasília.

Alfredo da Mota Menezes é analista político.



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