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Opinião
Sexta - 07 de Outubro de 2011 às 08:40
Por: Mario Eugenio Saturno

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D. Estevão Bettencourt fez uma interessante análise do Novo Testamento sobre a possível existência do personagem Anticristo. Trata-se, antes de qualquer coisa, de uma noção rabínica, que entrou na tradição cristã, fundindo-se com figuras de literatura posterior a Cristo, especialmente com Nero, o Imperador, cruel como fora, o primeiro e típico perseguidor da Igreja, ressuscitaria no fim dos tempos, para seduzir os fiéis e ser definitivamente punido por Cristo.

A idéia de um Anticristo individual apareceu nos Judeus nos últimos séculos antes de Cristo e que davam sentido literal às descrições figuradas de Ez 27; 38s; Dn 11. Aconteceu que em 63 a.C. o general romano Pompeu tomou Jerusalém e profanou o Templo. Já cem anos antes fora Antíoco Epifanes (175-164 a.C.) a assumir a figura do Homem Iníquo, perseguidor no fim dos tempos.

Costuma impressionar os cristãos a perspectiva de um Anticristo ou Adversário de Cristo, que deverá manifestar-se no fim dos tempos. Todavia tal expectativa permanece obscura. Verifica-se que os textos bíblicos sobre os quais se apoia tal concepção, são suscetíveis de mais de uma interpretação. Redigidos em estilo apocalíptico, usam de muitas figuras literárias.

Nos Evangelhos Sinóticos, no sermão escatológico diz Jesus: "surgirão numerosos falsos profetas, os quais seduzirão muita gente" (Mt 24,11). "Surgirão falsos cristos (messias) e falsos profetas, os quais realizarão portentos e prodígios notáveis, de modo a seduzir, se fosse possível, até os escolhidos. Eis que de antemão vo-lo anuncio" (Mt 24, 24s). Jesus não fala de Anticristo, mas de pseudocristos.

Quem fala em Anticristo é S. João, no fim do século I. Aliás, no singular e no plural: "Filhinhos, ouvistes, vem um anticristo; já agora existe grande número de anticristos" (1 Jo 2,18). Eis o Anticristo: aquele que nega o Pai e o Filho" (1 Jo 2,22). Veja ainda 1 Jo 4,3 e 2 Jo 7. Para S. João, Anticristo, é qualquer herege, todo aquele que nega Cristo.

Já no Apocalipse, S. João apresenta duas figuras de Bestas, adversárias de Cristo (Apo 13, 1-8, 11-17). Conforme os exegetas, significam duas coletividades, o poder político contrário à Igreja, coisa que sempre existiu e existirá e o poder das falsas religiões ou filosofias que lutam contra a Verdade de Cristo.

S. Paulo propõe (2Ts 2,3-10) sua descrição do Adversário, do Iníquo, dando nomes que não emplacaram como a designação dada por S. João. Os nomes "Iníquo, Homem do Pecado ou da Iniquidade" podem Ter sido sugeridos a S. Paulo por Sl 89, 23; 94, 20. Da mesma forma, a leitura de Paulo pode ser interpretada na mesma linha do Evangelho e de S. João, como personagem coletiva e genérica.

Acrescentam, porém, os autores que a concepção coletiva não exclui que no fim dos tempos tenha o poder maligno seu expoente máximo nas atividades de um homem, o qual será como que a "encarnação" da iniqüidade, o Anticristo.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



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