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Opinião
Domingo - 22 de Agosto de 2021 às 08:21
Por: Renato de Paiva Pereira

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Recebi, mandado por um amigo, o vídeo de uma professora doutora da UFMT, falando em audiência pública, na Câmara Municipal de Sinop, uma das mais importantes e populosas cidades do Estado.

A professora conta que, indo para Sinop, ficou desconcertada (palavras suas) com o tamanho da devastação que o homem branco fez na natureza, implantando culturas que atendem somente ao interesse dele próprio e só olhando para o “próprio umbigo”.

Sugerindo semelhanças negativas entre os colonizadores do Brasil e os do cerrado, diz que antes da chegada dos portugueses, havia uma perfeita integração do homem com a natureza, tal qual Sinop antes dos sulistas.

Mas, além da flagrante deselegância da professora com a cidade de recente colonização, espanta o anacronismo de suas ideias, atribuindo ao colonizador português nossas mazelas atuais, como se não tivéssemos tido tempo suficiente para nos livrarmos de eventuais influências negativas, em 500 anos de história.

Hoje somos 210 milhões e para alimentar este povaréu, foi necessário desenvolver técnicas sofisticadas de plantio

Os colonizadores do Sul e do Sudeste – percebidos por nós como grupo de pessoas corajosas e experientes – na estranha visão da doutora, são predadores que chegaram a Sinop, quando a região era um modelo perfeito a ser mantido e a transformaram na “decadência” que é hoje.

Esses migrantes incompetentes, com sua pele branca e olhos claros, não enxergaram que seria melhor deixar o cerrado intocado, mantendo uma vaca magra a cada dois hectares e incapaz de produzir uma única espiga de milho, por conta da acidez do solo.

Quando os europeus chegaram no Brasil – lembra a professora - não havia falta de habitação nem conflito de terras. Nem podia, pois na época eram pouco mais de três milhões de índios, espalhados nessa imensidão. Hoje somos 210 milhões e para alimentar este povaréu, foi necessário desenvolver técnicas sofisticadas de plantio, inventar máquinas eficientes e domar a aspereza e a infertilidade do solo. Tarefas que os “incompetentes” executaram com invejável talento.

Mas, o homem branco e patriarcal – terminologia rançosa da palestrante – instalou um modo de produção – diz ela - que está acabando com a humanidade e é responsável por todas as crises, entre elas a sanitária.

Seria bom informar à professora que o agricultor “branco-patriarcal” não está acabando com a humanidade, como ela crê, mas salvando-a da fome. Esta existe, não por falta de alimentos, mas sim por conta da pobreza e da desigualdade que campeiam no mundo.

E também avisá-la, que os preços dos produtos agrícolas se mantêm acessíveis à maioria das pessoas, por conta da alta produtividade alcançada pelos incompetentes agropecuaristas. Há 50 anos, um hectare de soja produzia, nas terras férteis do sul e do sudeste, 20 sacos por hectare, hoje são 70. O serrado do centro-oeste, que com sua infertilidade natural nada produzia, agora chega a 60/70 sacos de soja e mais 6.000 kg de milho na mesma área e mesma safra, se a natureza ajudar.

Um frango demorava 180 dias para ficar pronto, contra 42 atualmente. O porco é vendido com 150 dias de vida, pesando 100 kg; em 1950 gastava 01 ano para beirar 80 kg.

Ainda, os homens (amarelos, pardos, negros e brancos) desmentindo a degradação ambiental que a doutora vê, preservam, no Brasil e em Mato Grosso, mais de 60% da vegetação nativa.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor



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