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Opinião
Quarta - 18 de Setembro de 2013 às 16:39
Por: Gabriel Novis Neves

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 Há muito não vemos momentos tão delicados no setor judicial de nosso país em que um ministro da mais alta corte fica, através do seu voto, com a responsabilidade de um julgamento de tamanha importância.


 
Sim, porque anulada a credibilidade já tão arranhada da justiça em virtude dos últimos desmandos, pouca coisa mais resta a não serem frustrações e desesperanças generalizadas.


 
Quando a justiça perde a credibilidade, todos os outros poderes desabam sucessivamente.


 
Estamos no limiar dessa insatisfação já que a mais alta corte do país não consegue cumprir o seu papel prioritário, refazendo a todo o momento os seus parâmetros de julgamento.


 
Triste e preocupante a situação de um povo que oprimido pelo Estado, já não tem mais em quem depositar as suas esperanças.


 
Apesar de estarem em julgamento algumas figuras de relevância no combate recente aos vinte anos de ditadura que assolaram o país e tantas outras também já condenadas, é importante entender que são pessoas, todas, incriminadas em lesão do erário público.


 
Ousaria mesmo dizer que do voto do Ministro Celso de Melo, dependerá o rumo político de toda uma era.


 
A sociedade civil não mais aguenta o desprezo com o qual vem sendo tratada.


 
Se ela se afastou das ruas, isso não significa que ela esteja omissa, e sim temerosa com os rumos violentos para onde têm caminhado as últimas manifestações.


 
Nem sabemos a origem real de uns poucos black blocs que insistem em destruir patrimônio e desencadear ações repressivas violentas de uma policia truculenta, despreparada para manifestações democráticas.


 
A grande massa popular se mostrou ordeira e principalmente cônscia das suas justas reivindicações, apenas tendo ao que parece se afastado temporariamente das ruas não só para se mostrar contrária a movimentos anárquicos, mas também para não ser asfixiada pelas ondas de gás lacrimogênio fartamente distribuídas. Talvez até fosse essa a intenção do poder, que historicamente usa de todas as artimanhas para calar a voz do povo.


 
O nosso Congresso, abrigando um presidiário, deveria estar cercado por grades e não por parlamentares em sua grande maioria, descompromissados com o bem público, vinculados essencialmente com corrupção e corporativismo.


 
Que as nossas autoridades se acautelem, pois a carneirada não é a mesma do passado.


 
Não é prudente minimizar a insatisfação popular, que é nítida para quem tem um olhar atento.


 
Os limites populares são sempre imprevisíveis e, a história está ai para confirmar isso.


 
No atual mundo digital, tudo pode acontecer do inesperado.


 
Protestos populares de resultados imprevisíveis através das redes sociais são planejados em horas.


 
Desse julgamento a ser realizado hoje pelo Supremo Tribunal Federal, presidido pelo ilustre Ministro Joaquim Barbosa, com o voto do eminente decano Celso de Melo teremos ou não a chave da tão almejada justiça social.


 
Aguardemos, portanto, que alguém de bom senso consiga manter digno esse pilar fundamental, que é o poder judiciário de uma nação.


Autor

Gabriel Novis Neves

foi o primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é médico gineco (ginecologista e obstetra)

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