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Opinião
Quarta - 07 de Agosto de 2013 às 17:30
Por: Maurício Munhoz

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Os dados extraídos do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, elaborado pela ONU( Organização das Nações Unidas), apontam para um país que percebe a gradativa diminuição da pobreza. 


 
Apesar disso, avaliar os dados pelo ponto de vista dos municípios, nos têm posto diante de aparentes contradições. O pacto federativo penaliza as prefeituras na distribuição do bolo tributário, e é sabido que, em função disso, para a maioria dos prefeitos pouco se pode fazer para melhorar a vida dos cidadãos, no entanto, os indicadores municipais apontam melhoria na qualidade de vida.


 
De certo, a melhoria dos indicadores, que se deu em todo país, é um reflexo de políticas macro econômicas, em geral da União, que resultaram em diversos avanços sociais, como a migração de grande parte da população de pobreza extrema para a condição de população com poder aquisitivo. Mas também é certo que diversos estados e municípios também adotaram políticas inclusivas.


 
Para ficarmos em Mato Grosso, tomo a classificação criada pela AMM em 2012, levando se em conta apenas os critérios renda e crescimento da população. Os municípios do estado foram divididos em economias: dinâmicas, crescentes, moderadas e exauridas. 


 
Nortelândia, no médio norte do estado, é considerada uma economia moderada. A cidade floresceu com o garimpo, mas já passadas mais de duas décadas da extinção dessa atividade, o município não encontrou um perfil econômico que a transformasse em uma economia prospera.


 
Apesar disso, Nortelândia teve um incremento no seu IDHM de 67,14% nas últimas duas décadas, acima da média de crescimento nacional (47,46%) e acima da média de crescimento estadual (61,47%). 


 
A renda per capita de Nortelândia cresceu 105,41% nas últimas duas décadas. A extrema pobreza passou de 14,56% em 1991 para 12,21% em 2000 e para 7,60% em 2010.


 
O percentual de pessoas extremamente pobres em 1991 era 14,56 e em 2011 caiu para 7,60, e o percentual de vulneráveis a pobreza era 71,52 em 1991, caiu para 60,23 em 2000 e chegou a 36,78 em 2010.


 
Entre 2000 e 2010, a taxa de atividade da população de 18 anos ou mais (ou seja, o percentual dessa população que era economicamente ativa) passou de 59,33% em 2000 para 65,56% em 2010. Ao mesmo tempo, sua taxa de desocupação (ou seja, o percentual da população economicamente ativa que estava desocupada) passou de 14,98% em 2000 para 8,63% em 2010.


 
Além desses indicadores positivos, podem se somar outros relativos à expectativa de vida e educação, que também apresentaram evolução. Nortelândia já havia se destacado como tendo o melhor Ideb de Mato Grosso.


 
O caso de Nortelândia reflete bem a junção dos fatores de intervenção estatal na vida das pessoas, seja federal (com as políticas econômicas e ações de inclusão social como bolsa família e programa luz no campo), mas também tem o fator municipal, já que o atual gestor, reeleito em 2012, Neurilam Fraga, busca promover a economia com ações simples, mas que combatem a vulnerabilidade social de grande parcela da população.


 
O gestor mobilizou grande parte dos pequenos produtores rurais através de cooperativas, como a de produtores de leite, que passou a etapa industrial com pequeno laticínio. Dentre outras ações também foi criada uma cooperativa que produz confecção, e que prioriza as mulheres em condição de risco social, como associadas.


 
Outras ações que podem ser classificadas como de economia cooperada, ou em alguns casos de economia solidária, foram incentivadas pela gestão. E outras ações, de caráter mais abrangente estão em andamento, como a criação do polo têxtil e um amplo programa de psicultura.


 
Assim, um município situado em uma das regiões consideradas mais pobres de Mato Grosso, que não está inserido na dinâmica do agronegócio, não se destacando como região de grande produção de grãos, consegue sim um destaque, mas através de ações concretas de organização de sua população rural, como o exemplo da cooperativa de produtores de leite, e urbana, como a cooperativa de confecção, e também com o incentivo da agro industrialização de sua produção primária. 

 
 
* MAURÍCIO MUNHOZ é secretario de serviços legislativos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e sociólogo



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