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Opinião
Sexta - 19 de Agosto de 2011 às 14:24
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Na fumaça dos acontecimentos, ocupantes dos cargos vão sendo substituídos e os mecanismos de governo acionados para apurar as denúncias de irregularidades. Tanto a substituição dos implicados quanto a abertura de procedimentos investigativos não representam necessariamente, culpa ou dolo. Mas geram a confiança da população descrente em razão da contumaz impunidade que tem desafiado sucessivos governos em nosso país. Só por esta celeridade de providências que, por razões diversas, já substituiu quatro ministros e dezenas de auxiliares, o atual governo ganha crédito junto à sociedade. É certo que nem todos os suspeitos serão punidos, se tiverem boas explicações para os fatos e provarem inocência. Mas a sociedade não pode abrir mão do seu direito de ser informada detalhadamente das conclusões de cada caso, pois é a legítima dona de tudo, principalmente do dinheiro público supostamente malbaratado e dos cargos exercidos indevidamente.

A velha e esdrúxula tática de empurrar os crimes para a zona de prescrição e do esquecimento, muito praticada em favor dos errantes das últimas décadas, leva ao descrédito nas instituições e nas autoridades. Tanto que a simples celeridade da presidente Dilma ao substituir auxiliares e mandar investigar o ocorrido, já lhe dá crédito junto ao povo descrente. É preciso que as diferentes instâncias atuem com todo o rigor, interesse e rapidez no sentido de esclarecer as dúvidas, pouco importando se para punir ou absolver os implicados, mas tudo dentro de critérios de isenção, honestidade e absoluta transparência. Quem deve tem de pagar, mas se não dever, há de se esclarecer que não deve e, se for o caso, até obter as devidas reparações. A isso pode-se dar o nome de respeito ao povo.
           
É extremamente injusta, para com expressiva parcela da classe política, a imagem popular de que “todo político é ladrão”. Felizmente, isso é apenas uma força de expressão decorrente da indignação e de nenhuma análise dos fatos. Até que se prove em contrário, todo indivíduo (inclusive o político) é honesto. Não é demasiado dizer que existem senadores, deputados, vereadores, governantes, ministros e outros ocupantes de cargos eletivos ou de livre nomeação com brilhantes folhas de trabalho em favor da causa pública. Mas acabam chamuscados pela generalização da má imagem decorrente da ação dos falcatrueiros e, principalmente, da falta de apuração às falcatruas. O que deveria cair somente sobre os errantes, acaba atingindo a todos.
           
Desde Roma Antiga diz-se que a mulher do imperador, além de honesta, tem de parecer honesta. Modernamente, podemos adaptar esse princípio à necessidade do governo e seus integrantes desfrutarem do respeito da população. E isso só pode ser conseguido através da justa apuração das supostas irregularidades e punição dos responsáveis ou – quando for o caso - dos autores de falsas denúncias. O povo tem de encontrar razões concretas para confiar no governo. Não pode, jamais, continuar acreditando que a luz do fim do túnel pode ser o trem que vem para lhe fazer mal...  
 
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)


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