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Opinião
Domingo - 03 de Julho de 2011 às 13:58
Por: José Roberto Lopes

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Proponho a retomada das discussões sobre a divisão territorial de Mato Grosso, com a proposta da criação do Estado do Araguaia, um sentimento regional de pertencimento coletivo inegável, polêmico, porém, inevitável.
 
Como Professor da disciplina de Geografia do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Confresa, desafiei meus alunos a pesquisarem sobre todas as propostas de divisão territorial atualmente no Congresso Nacional, com projetos que tratam dessas perspectivas futuras de nova territorialidade do País. Surgiram dos alunos trabalhos memoráveis que estão expostos no corredor do Campus.
 
Lendo a página do site da BBnews, deparei-me com a agradável surpresa de perceber que a discussão sobre esse assunto, que já permearam pelos jornais no passado, volta à tona pelos artigos que comentam sobre a matéria em questão.
 
Quando as discussões sobre a criação de um novo Estado volta ao debate coletivo, os economistas que tem preocupações óbvias com as finanças, manter-se-ão na retaguarda e com posicionamento contrário a qualquer iniciativa com esse propósito. Como geógrafo, preocupado com o bem estar da população de um local ou de uma região, sinto-me a vontade para mostrar o quanto aqueles profissionais estão errados em suas conclusões.
 
Em meados da década de 70, havia discussões calorosas em Cuiabá, contra e a favor da divisão do Estado para a criação de Mato Grosso do Sul, em nenhum momento questionava- se questões sociais, culturais e históricas, apenas questões econômicas e políticas. Passados 30 anos, os dois Estados estão com suas economias com forte presença na balança comercial do País.
 
Para quem apostava que Mato Grosso desabaria em pobreza e renda per capita é bom lembrar que hoje somos a décima economia nacional. Em 1988 foi à vez de Goiás passar pelo mesmo dilema, criou-se o Estado de Tocantins. Goiás canaliza suas energias para o setor secundário, se industrializa e Tocantins também já consolidou sua economia local. Em apenas duas décadas, a Região Centro - Oeste deu um salto em ocupação territorial, expansão da atividade agrícola e industrialização dos produtos primários e os maiores índices de crescimento do IDH registrados no País.
 
De acordo com as pesquisas de meus alunos, o que está sendo levado ao debate no Congresso Nacional são proposições do desmembramento territorial em mais 09 (nove) Estados, aí incluso o do Araguaia, e 06 (seis) territórios federais. Meu posicionamento quanto esta nova territorialidade é amplamente favorável se levar em consideração não apenas as questões econômicas, mas também as relacionadas ao social, histórica, cultural e políticas regionais de desenvolvimento sustentável, respeitando-se o fazer local e seus pertencimentos.
 
O povo do Araguaia é um Mato-grossense apenas por questão de fronteira política do Estado, antes, porém seu sentimento de pertença tem afinidades muito mais próximas com Goiás do que com seu Estado e isto não está relacionado a distancia da Capital do Estado, que são as mesmas se comparada com Goiânia. O “Araguaia (?)” está apenas em território mato-grossense, mas não se sente parte dele, é como se estivesse desterritorializado.
 
José Roberto Lopes é mestre em Geografia e professor do IFMT campus Confresa.




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