Juras, Interesses e Debandadas

Os lances ainda são preliminares. Mesmo assim, não devem ser ignorados. Até porque vários deles podem ajudar a construção do cenário político-eleitoral mato-grossense de 2012. Aliás, não é por outra razão que os partidos da base aliada se reuniram recentemente, e, dias atrás, fizeram isso o PSB, PDT, PPS e PV, os quais pretendem repetir a aliança de 2010, tendo ou não o PSDB a tiracolo. 
 
Quadro que realça o interesse de cada uma delas. Mais ainda de seus chefes, chefetes e agregados. Nesse sentido, por outro lado, percebe a importância da abertura para novas filiações, e a busca incessante por nomes fortes nas chamadas cidades-pólos. Processo em que o PSD – partido ainda em construção – se colocou na dianteira, com a cooptação de filiados das demais agremiações partidárias. O que chateou os líderes das demais agremiações. Daí as estratégias para manterem, em suas fileiras, os nomes com reais possibilidades de candidaturas às prefeituras. E para evitarem as cisões e as dissidências, os peemedebistas defendem que os nomes-candidatos sejam escolhidos com base em pesquisa de opinião.
 
Mecanismo utilizado no passado. Incapaz, no entanto, de afastar os desentendimentos. Os democratas várzea-grandenses sabem bem disso. Pois, em 2008, o DEM foi dividido para a disputa pela cadeira central do Paço de Couto Magalhães, enquanto o PR entrava nessa briga com chapa pura, ladeado por um PMDB desorganizado, que trazia como cabeça de chapa o vice-prefeito. Isso justifica parte da reeleição do atual prefeito que, hoje, se vê as turras com o seu companheiro de campanha. Agora de passaporte carimbado pelo PSD. Partido que esteve em flerte insistente com o gestor rondonopolitano, cujo casamento com a população local está em crise permanente. Talvez, por isso, seus parceiros de agremiação sondavam outro nome para a vindoura disputa. Tarefa nada fácil. Principalmente quando se percebe que o PSDB ensaia carreira solo. Instante em que o PR tenta reecrutar o ex-prefeito Sachetti, sob o olhar desconfiado do líder do PPS que, há muito, sonha com o poder de mando da antiga “Rainha do Algodão”. 
 
Situação bastante peculiar. Sem ser de toda clara. Ainda que recentemente o comandante-mor peemedebista negou a saída de José do Pátio do partido. Filme que tem cenas antigas, com o governador e o prefeito de protagonistas. Diferentemente da reprise que se anuncia em Cáceres, com o democrata – hoje na chefia da administração pública do município – em uma sinuca de bico. Fala-se, inclusive, na reconquista do poder pela família do maior líder do PP. Hoje, desconfortavelmente assentado na Secretaria da Saúde estadual. Desconforto que já esteve mais acentuado com o setor em crise, tendo os médicos como coadjuvantes e os Prontos Socorros de Várzea Grande e de Cuiabá em colapso total. Tudo em razão da falta de planejamento e as ações inconseqüentes de vários deputados, cujas visões não vão além de seus próprios umbigos. Pois pensam tão somente na conquista de espaço político. Justifica, portanto, a vontade que alguns deles têm em disputar a prefeitura. Inclusive o da Capital. Arco-Íris que parece tocar no Palácio Alencastro, fazendo acordar para a reeleição o então alcaide-mor. Ainda que de sobressaltos. Isso porque o nome do empresário-socialista parece retornar a arena política, ainda que com o freio de mão puxado, afinal a história de um cheque sustado e a acusação de “traição” rondam a sua biografia.  Motivos que levam parte do PR a saírem contra o seu reingresso, e, assim, pensar no nome do secretário da Assembléia. 

Quadro incompleto. Mais perto de um parigatos. Porém bastante para dar uma idéia de como se encontram as mexidas no tabuleiro de xadrez da política regional. Mexidas provocadas pelos embalos de debandadas, ensaios de candidaturas e sonhos de casamento duradouros, ainda que titubeantes à frente de juras eternas.   

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.