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Opinião
Domingo - 29 de Maio de 2011 às 14:32
Por: Lourembergue Alves

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A palavra democracia permeia o discurso de qualquer partido político. Seus membros, sempre, passam por defensores dela, e a pronunciam “com a boca cheia”. Porém, na prática, não é bem isso que ocorre. Pois as vontades dos líderes se metamorfoseiam nos interesses da própria agremiação partidária. Vontades que só são questionadas por um ou mais líderes, de igual poder de barganha e de convencimento dentro da sigla. Instante em que se dão as cisões, os rompimentos, e, talvez por isso, bastante perigoso para o partido, que vê a si mesmo dividido ao meio, entre uma facção e outra, com reais condições de perder a identidade e a razão pela qual foi criado. 
 
Momento vivido por todos os partidos brasileiros. Independentemente de suas tendências: ou para a esquerda, ou para a direita, ou para o centro. Tanto os do passado como os do presente. Aliás, agora, parece ser a vez do PSDB. Sigla que nasceu de um galho do PMDB. Mas levou consigo velhos vícios do antigo MDB. Vícios que inibem o diálogo e reforçam as divisões internas. O primeiro grupo era capitaneado por Mario Covas (falecido) e o segundo, por Fernando Henrique Cardoso. Ainda que em meio a estes prevalecessem os desejos dos paulistas, os quais se encontram hoje em xeque, diante do fortalecimento do mineiro Aécio Neves, cujo apoio vem mais de Estados espremidos entre os da periferia e os do centro. 
 
Situação de desconforto no ninho. Sobretudo porque inexiste, nele, o diálogo. Nem a esgrima. O que há, de fato, é verdadeiramente o confronto. Confronto pessoal, onde, na verdade, deveria prevalecer a conversa, a discussão e a aceitação pela melhor idéia, pelo mais apropriado dos projetos e de discurso. Capazes de conduzir o tucanato para a vitória político-eleitoral. Afinal, os candidatos do partido à presidência da República sofreram três derrotas consecutivas.    
 
Apesar disso, os grupos tucanos duelam entre si. Motivados que são pela escolha do nome do partido que disputará a eleição presidencial de 2014. Nessa altura, embora restando um tempo enorme, o senador mineiro aparece com a vantagem. Bem mais com a recondução de Sérgio Guerra para presidente da sigla, Rodrigo de Castro para a secretaria-geral e Tasso Jereissati para a chefia do Instituto Teotônio Vilela (nomes certos até momentos antes da eleição de sábado).
 
Assim, José Serra se vê jogado para escanteio, a sobrar-lhe tão somente a segunda presidência. Cargo relevante. Mas não o bastante para fazê-lo viajar pelo país, com o fim de promovê-lo. Justifica, portanto, a sua recusa inicial. Mesmo diante das palavras sensatas do sociólogo FHC, a quem se encontra ligado. Muito mais, talvez, por ser amigo da esposa do ex-presidente, D. Rute Cardoso (falecida). 
 
De todo modo, continua a crise no PSDB. Tudo em razão dos sonhos particulares. Vendidos como se fossem da coletividade político-partidária tucana. 
 
Cenário que tem como característica a ausência do diálogo, e a principal causa da crise no interior da sigla. Crise que se estende aos seus mais próximos aliados (DEM e o PPS). O que faz a própria oposição ficar sem rumo e sem esperança no presente, e, mais ainda, no futuro. Daí a sua desorganização, que acarreta prejuízos imensuráveis ao jogo da política, uma vez que esta só existe quando se tem um espaço apropriado, e este nada mais é do que o do diálogo, que só ocorre quando se está entre iguais. Trunfo da democracia.   

Lourembergue Alves é professor universitário E-mail: Lou.alves@uol.com.br
 



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