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Opinião
Sexta - 27 de Maio de 2011 às 07:52
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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 Dois tradicionais veículos de comunicação europeus – a revista alemã “Der Spiegel” e o jornal francês “Le Figaro” – adiantaram, nos últimos dias, informações supostamente contidas nas caixas pretas do Airbus A330 da Air France, caído no oceano em 2009, quando realizava o vôo 447, na rota Rio-Paris. A revista diz que a queda foi motivada pelo congelamento dos sensores de velocidade. O jornal atribui o acidente a erros dos pilotos. Ambos citam fontes com acesso à transcrição das informações resgatadas, ora em análise que, segundo afirmam, serão relatadas às autoridades encarregadas da investigação do sinistro onde pereceram 228 pessoas, entre passageiros e tripulantes, a maioria franceses e brasileiros.

 Somos de opinião que ainda é muito cedo para tirar conclusões. E que o oportunista culpar dos pilotos e tripulantes – que morreram e não podem se defender -, além de desumano e desleal, não atende aos interesses dos milhões de usuários do transporte aéreo. Já que as caixas pretas foram resgatadas intactas, o mais prudente é obter a análise criteriosa e descomprometida de suas informações para, com elas, solucionar problemas tanto de equipamento quando de operação e evitar a ocorrência de novos acidentes.

 Há um conjunto de responsabilidades que os fabricantes e operadores das aeronaves têm de assumir em relação ao ocorrido. Supõe-se que tanto a indústria Airbus e seus fornecedores quanto a operadora Air France sejam rigorosamente compelidas a arcar com sua justa parcela de culpa ou dolo no acidente. A primeira tem de responder pelos materiais e sistemas de funcionamento da aeronave, contando com a participação solidária de seus fornecedores, e a segunda não pode fugir de suas obrigações operacionais, incluídos o treinamento da equipe e suas condições laborativas.
 
Lamentavelmente, não há o que fazer pelas vítimas. Nesse particular, cabe aos agentes da tragédia apenas o socorro às famílias e as reparações relativas ao corte abrupto da produção do chefe ou membro familiar morto de forma prematura. Feito isso, Aibus, Air France e outros possíveis envolvidos na produção e operação da aeronave terão cumprido suas obrigações com o pretérito. Seria profundamente imoral que não o fizessem!
 
O grande compromisso, no entanto, está com o futuro. A sociedade espera, preocupada, que as investigações das caixas pretas de todos os acidentes aéreos resultem na correção de falhas e sejam capazes de evitar acidentes futuros. Na medida em que isso for feito, governos, indústria aeronáutica, companhias aéreas e centros especializados terão cumprido com suas finalidades e protegido o bem maior, que é a vida. Culpar o piloto morto é uma solução cruel e – pior que isso – a assinatura da sentença de morte para centenas, talvez milhares de futuros passageiros que, sem as devidas correções, perecerão pelas mesmas causas...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br                                                                                                     




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