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Opinião
Sexta - 08 de Abril de 2011 às 13:52
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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O massacre do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que nos entristece, é um alerta para as necessidades dos novos tempos, globalizados. Foi-se a época em que podíamos andar tranquilamente pelas ruas, deixar casa e carro abertos e, mesmo assim, ter a sensação de segurança. Junto com a informação e os benefícios da modernidade vieram também os problemas e, hoje, acontecem no Brasil, coisas que pensávamos ser possíveis só nos países “de primeiro mundo” ou nos fundamentalistas. Tudo o que ocorre lá, atualmente, é possível também cá. Isso exige postura de governos, governantes, sociedade e até do cidadão comum.

A escola, como termômetro da nova sociedade que pegou o país desprevenido, vem dando, há anos, o sinais de inconformidade. O outrora bem pago e respeitado professor, ultimamente, tem sido mal pago, ofendido, agredido e até morto pela sua própria clientela. Os jovens vivem o drama de uma sociedade cada dia mais exigente para a sua inclusão mas, nem sempre, encontra abertas as portas do mercado e o seguir da vida. Como conseqüência, tergiversam, perdem a saúde e acabam cooptados pelo crime e pelo vício e vão engrossar as estatísticas de insucesso social.

Temos hoje o Brasil tecnológico que todo brasileiro sonhou. Somos capazes de produzir desde os mais simples até os mais sofisticados engenhos que o homem inventou. Mas, infelizmente, apesar de todos os esforços de ultimamente, não temos tido a capacidade para distribuir a renda de forma a possibilitar o bem-estar de toda a população. E o pior é que, cada dia menos, temos sabido nos comportar uns com os outros. A vida moderna não nos permite ser solidários nem participativos. Os valores da família, reconhecidamente eficientes, têm sido abandonados quando poderiam ser de grande valia para ajudar a manter o equilíbrio social.

O episódio do Rio chama a atenção para a necessidade de uma vida comunitária ativa. Todos os vizinhos, amigos e até familiares do atirador sabiam de sua introspecção, hábitos estranhos e dificuldades de relacionamento. Mas, poucos, certamente, ousaram tentar fazer algo para ajudá-lo. Ele transformou-se numa bomba que eliminou mais de uma dezena de vidas (inclusive a própria) e levou pânico e sofrimento à comunidade e ao país. É o caso de perguntar: quantas outras bombas lactentes existem pela aí? Você conhece alguma? Já tentou alguma forma de desarmá-la?

Quem ainda não sabia, ficou sabendo, da pior forma, que já somos um país desenvolvido. Já temos nossos “serial killers” e outros problemas até então exclusivos das áreas mais desenvolvidas do planeta. Agora é preciso cuidar desses e outros problemas que chegaram sem bater à porta. Mas só dinheiro ou ação de governo não bastam. Além do empenho e do aporte de recursos de governos e empresas, há a necessidade do empenho pessoal de cada brasileiro, na medida de suas possibilidades. Sem essa cota-parte de trabalho pessoal será muito difícil enfrentar o caos...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)




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