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Opinião
Quarta - 23 de Março de 2011 às 07:41
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Vivemos a “Semana da Água”. A população é bombardeada com informações que apontam para um futuro sombrio em relação à disponibilidade do líquido hoje mal utilizado. É preocupante o quadro demonstrado pela ANA (Agência Nacional de Águas), que aponta problemas de abastecimento em mais de 3 mil dos municípios brasileiros e a necessidade de investimentos da ordem de R$ 22,2 bilhões para recompor mananciais e sistemas de produção e distribuição. É igualmente grave saber que, mesmo com todos os alertas de escassez e finitude do líquido, há um desperdídio da ordem de 25 a 30% de água tratada causado por vazamentos e outros problemas na rede distribuidora. Pouco adiantarão os alertas para a população economizar água se os governos e as companhias de saneamento, quase todas estatais, não fizerem a sua parte.


A urbanização e o chamado desenvolvimento ocorreram de forma predatória por muitos anos. A degradação foi identificada desde o início do século passado na Europa e nos Estados Unidos, onde as regiões mais exploradas deram sinais de que, a continuar aquele modelo, a população fatalmente deixaria de ter água para beber e chafurdaria no lixo por ela própria produzido. No Brasil essa consciência só começou a ganhar corpo nos anos 60 e 70 e, mesmo assim, sua adoção sofre todos os revezes de uma sociedade, onde não existem metas claras a atingir. A preservação dos recursos naturais sofre com políticas equivocadas, ativismo xiita, irresponsabilidade coletiva e outros problemas.


Serão inócuos os bonitos discursos dos políticos e autoridades e o ativismo catastrófico dos ecologistas nos eventos da chamada ‘Semana da Água”, se cada um deles e todos do povo não tomarem consciência de que existem responsabilidades a cumprir com a natureza e a ecologia, para garantir a sustentatilidade das próximas gerações. Governantes e dirigentes dos órgãos e empresas processadoras e distribuidoras de água têm de buscar os investimentos necessários para obter a eficiência e a continuidade do serviço. Prefeitos, especialmente, têm de cuidar da coleta e destinação correta do lixo para evitar a poluição dos mananciais. A população não deve mais jogar papel, entulho, lixo e outros rejeitos em via público ou nos cursos d’água. E todos, devem ser motivados a economizar, já que a água potável é um recurso finito.


Os técnicos do setor são unânimes ao afirmar que é muito mais caro recuperar uma área degradada do que conservá-la antes da degradação. No Brasil ainda há muito o que se preservar, apesar de todas as agressões já cometidas. Na questão da água, se faz necessário mais ação do que discursos e manifestações. Não é preciso que haja uma “semana” ou “dia” da água. Todo dia tem de ser dia da água, pois não conseguimos passar nenhum deles sem consumir o precioso (e tão mal cuidado) líquido.

 

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)



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