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Opinião
Sábado - 19 de Março de 2011 às 08:54
Por: Agnello de Mello

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Foi realizada nesta última quinta-feira (18) uma audiência pública na Assembléia Legislativa para se discutir a proposta da Secretaria de Estado de Saúde de entrar a administração dos hospitais regionais a Organizações Sociais (OS), seguindo modelo que já existe em algumas regiões do país, como São Paulo e Pernambuco.

De um lado servidores e suas entidades, na outra o governo, no meio os deputados e bem no canto, lá no cantinho mesmo, os usuários (que é quem paga a conta e sofre as conseqüências de tudo que aí está).

Com exceção dos parlamentares não médicos, imprensa e curiosos, todos que estavam no plenário (mais de 400) se dizem “entendidos em saúde” e a maioria (e põe maioria nisso!) é contra a idéia do Estado.

Pois bem, eu que não entendo patavina da área sou a favor pelo simples fato de que, até hoje, os ditos “entendidos” e o governo não conseguiram resolver os problemas da saúde. Lógico e cômodo colocam toda culpa na gestão, bem do tipo: quando tudo vai bem “os servidores são esforçados e dedicados”, quando vai mal “o gestor é incompetente”. Fácil né?

Só para constar, mais incompetente do que o incompetente, é que aquele que se omite ante a incompetência.

Do ponto de vista técnico, eu não entendo de saúde, mas do ponto de vista prático, entendo e muito, pois sou usuário. O modelo atual está falido. Pessoas estarão morrendo por falta de atendimento. Proporcionalmente existem mais funcionários na atividade meio (burocrática)  do que na ponta (atendimento) e enquanto o governo fala em melhorar, os servidores só pensam em direitos, aumentos e etc.

Quando surge uma proposta nova no cenário que, na teoria, propõe maior eficiência nos serviços e uma relação custo/benefício que favorece os usuários, os servidores se posicionam contra, mas não apresentam alternativa. A idéia do secretário Pedro Henry pode até não ser a melhor, mas foi a única que apareceu nos últimos tempos.

Como pano de fundo, eles, os tais “entendidos”, afirmam que adotar o modelo proposto é assinar a “carta de incompetência para gerir a Saúde”. Diante do caos que ai está, nada mais óbvio do que chamar a todos, servidores e gestores, de incompetentes. Ninguém precisa assinar carta nenhuma, a população já sabe.

Mas o presidente do Sindicato dos Médicos, Edinaldo Lemos, durante o seu pronunciamento, deixou cair a máscara e explicitou o real motivo dos servidores serem contra a proposta: “o modelo proposto prejudica o trabalhador, fere direitos”.

Como se vê, os “entendidos” não estão preocupados com a melhoria do modelo (do contrário, eles, no mínimo, apresentariam uma proposta alternativa), mas sim em resguardar os seus interesses, da mesma forma que há muito tempo os professores deixaram de lutar por uma educação de qualidade e hoje só falam em salários, carreiras e etc.

Primeiro o direito deles (“somos contra porque prejudica o trabalhador”), depois o sagrado direito à vida de todos que têm ou venham a ter a infelicidade de precisar do Sistema Único de Saúde em Mato Grosso em seu atual modelo de gestão.

A sociedade não pode mais aceitar que funcionários públicos coloquem seus direitos acima dos interesses da coletividade. No mínimo eles (direitos e interesses) deveriam estar lado a lado e, em último caso, que se faça prevalecer o direito da maioria.

Como disse acima, não sei se o modelo proposto pelo secretário Pedro Henry é o melhor ou o ideal, mas tem dado certo onde foi implantado e o fato é que alguma coisa precisar ser feita. Por que não experimentar? Por que não importarmos boas idéias?

No meu caso específico, prefiro ser cobaia de uma tentativa de acerto do que candidato a vítima de um sistema velho, ineficiente e que só tem servido para atender interesses de categorias profissionais. 

Agnello de Mello e Silva é diretor do diaadianews e consultor em marketing político



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