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Opinião
Sábado - 19 de Fevereiro de 2011 às 18:00
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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O povo egípcio, fortemente armado de internet e telefone celular, imobilizou e  obrigou o poderoso ditador Hosni Mubarak a renunciar, depois de 30 anos no governo. Com o mesmo aparato, antes disso, o presidente da Tunísia foi deposto e o rei da Jordânia levado a demitir o primeiro-ministro e seu gabinete. Também ocorrem manifestações antigovernistas na Argélia, Barhrein, Iêmen, Iran, Iraque e Líbia. A população destes países de constante conflito e vítima dos mais inconfessáveis interesses internacionais, parece ter descoberto sua força de mobilização e a fragilidade dos governantes, e pode mudar a geopolítica da área. Possivelmente, estamos assistindo a uma vigorosa virada de ciclo, com repercussões em todo o planeta.

Não obstante o seu vigor e bravura nata, o sofrido povo árabe tem sido vítima de ditadores cruéis que, governam com mão de ferro e, no poder, defendem os interesses das superpotências e são por estas sustentados, mesmo que por meios antidemocráticos e fraudulentos. Agora, com a força dos meios de comunicação, as populações conseguem divulgar seus interesses e fazer eco de suas aspirações. Em se confirmando e consolidando essa atividade, não haverá mais lugar para ditadores, eleições viciadas, dinastias usurpadoras e outros males. O povo se libertará.

O Brasil, que nunca foi explorador de seus recursos e nem sustentou déspotas no  Oriente Médio, poderá ser o grande fiel da balança. Valendo-se da imensa comunidade oriunda da região que hoje vive no país e aqui dá sua valiosa força de trabalho para a nossa economia, o governo e a classe empresarial brasileira, poderão fortalecer ainda mais os laços com os países em vias de conseguir a libertação e, com eles, construir agendas positivas nas relações econômicas, sociais e governamentais. Poderá, inclusive, estabelecer parcerias mais amplas, já que são muitos os “oriundi” que hoje são orgulho brasileiro pelo muito que aqui fizeram seus avos e pais imigrantes e pelo que eles próprios, com a força a o exemplo dos antepassados, conseguem produzir pelo Brasil. É essa classe de brasileiros que poderá fazer a grande interlocução com o novo Oriente Médio que tende a surgir das insurreições populares hoje por nós assistidas à distância.

Desde que o mundo é mundo, o homem procura formas de organização e vida. No Século 20, viveu-se a ascenção e a queda do socialismo, nazismo, fascismo e seus filhotes. O planeta experimentou a guerra fria entre direita e esquerda, as guerras convencionais, revoluções, ditaduras e, finalmente, a pressão popular. Em 1968 os jovens rebelaram-se e lançaram na marra as bases das políticas (inclusive a ambiental) e costumes que hoje vivemos. No final dos anos 80, o povo alemão derrubou o muro de Berlim e, com ele, esfacelou o mundo soviético, já acossado pela política da glasnost (transparência) e da perestroika (reestruturação), implantadas por Mikhail Gorbachev. Mais recentemente, os EUA elegeram um negro e o Brasil uma mulher.

O mundo hoje se depara com a luta de auto-determinação do Oriente Médio. Vamos aguardar, apoiar e ser parceiros dessa nova comunidade que, com certeza, surgirá. Outra coisa: temos de nos preparar para dentro de dois anos (pouco mais ou pouco menos) assistir e participar do fim do bloqueio a Cuba e a sua reintegração à comunidade econômica latino-americana. Também deverá ser um grande acontecimento. Quem o perder, se arrependerá...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br    



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