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Opinião
Quinta - 03 de Fevereiro de 2011 às 09:03
Por: Onofre Ribeiro

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Lembro que esta série de artigos nasceu de uma abordagem sobre a pretensão levantada em Mato Grosso do Sul de, eventualmente, trocar o nome do estado, depois de uma gafe de dois atores da novela “Insensato Coração”, da Rede Globo de Televisão. A partir daí abordei em quatro artigos o tema divisão na sua amplitude histórica e na dimensão atual.

Tirando a rixa antiga entre as antigas regiões Sul e Norte do antigo Mato Grosso anterior a 1977, quando se deu a divisão do estado, a verdade é que nada é mais desnecessário do que alimentar essa discussão boba. São duas riquíssimas regiões, vindas da mesma origem e conviventes ao longo de quase 200 anos mantenham-se divididas no inconsciente coletivo. Pura burrice! No passado a economia era a pecuária pantaneira no Norte e do Sul. No Sul, a erva-mate e minérios em Corumbá, e no Norte a borracha, a extração garimpeira de ouro, de diamantes e a erva ipeca.

Depois da divisão Mato Grosso do Sul avançou no agronegócio, na cana-de-açúcar facilitando a ampliação de destilarias de etanol e de açúcar, antecipando o perfil industrial. Mato Grosso avançou bem mais no agronegócio e desenvolveu tecnologias extremamente eficientes. A pecuária saiu do Pantanal e migrou para os cerrados dominados para a economia, graças às bem-sucedidas pesquisas da Embrapa. A extração de madeira, ainda que desordenada, marcou a economia nesses mais de 30 anos e agora entra na fase de industrialização tecnológica e na sustentabilidade social e ambiental. Os dois estados avançaram enormemente depois da divisão, ainda que no primeiro momento as apostas em Mato Grosso fossem as piores. Faltava tudo no Norte, enquanto no Sul havia muito melhores condições para o crescimento.

O ex-governador Zeca do PT, disse claramente em Cuiabá há alguns anos, que Mato Grosso cresceu mais porque assimilou as migrações e aceitou os migrantes, enquanto em Mato Grosso do Sul, os migrantes encontraram restrições de ambientação.

Contudo, a verdade que interessa é uma só: a região Centro-Oeste representa o Brasil do futuro. Vou citar apenas uma informação que me parece mais do que suficiente para defender a idéia de uma integração estreita entre todos os quatro estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. As grandes instituições ligadas ao agronegócio brasileiro entregaram em agosto de 2010 aos três principais presidenciáveis um documento amplo sobre o setor, indicando o desejável nos próximos anos. O documento, publicado na revista “Agroanalisys”, da Fundação Getúlio Vargas, de agosto,  antecipava, entre outras coisas, que na próxima década, 50% das principais commodities alimentares consumidas no mundo, sairão do Brasil. Ora, estima-se que no mínimo 60% desse volume será produzido no Centro-Oeste. Será uma imensa inserção regional nos mercados mundiais.

Só isso, sem considerar “ene” outras projeções, basta para indicar que o Centro-Oeste tem a cara do Brasil do futuro. E, claro a outras regiões como o Sul e o Sudeste, interessa dividir essa bola. Burrice se Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o DF entrarem nessa paranóia.

O que importa sob esse aspecto é: passado é passado. Futuro é futuro! O assunto encerra amanhã.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@terra.com.br



Autor

Onofre Ribeiro
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É jornalista em Cuiabá.

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