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Opinião
Quinta - 27 de Janeiro de 2011 às 00:40
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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O Brasil é a oitava e tem planos para logo chegar à condição de quinta maior economia do mundo. Mas padece da falta de mão-de-obra capacitada o suficiente para servir à economia tecnologizada; não tem nem a massa de trabalhadores fundamental para atender a demanda da construção civil aquecida. Essa carência leva os aposentados a continuarem no mercado, ocupando o lugar que deveria naturalmente ser cedido aos milhares de jovens que chegam à idade de inclusão trabalhista. É um grande gargalo que precisa ser removido com a maior brevidade, para evitar a frustração e o atravancamento das metas de desenvolvimento.

Foi-se o tempo em que, para encontrar emprego, bastava o indivíduo ter boa saúde, força física e disposição para fazer qualquer coisa que lhe fosse determinada. Aquele pais empírico e subdesenvolvido acabou-se. A força e as tarefas repetitivas, antes executadas pelo ser humano, hoje estão entregues aos guindastes, robôs e computadores. O homem carece receber qualificação para operar essas máquinas e, sozinho, com o emprego da tecnologia, executar a tarefa de dezenas de homens de força  bruta. Mas, infelizmente, o ensino não acompanhou a evolução tecnológica e hoje, as escolas, quando alfabetizam, não qualificam para o exercício profissional. O resultado está nos milhares de desempregados que, por falta de qualificação, não conseguem  preencher as vagas disponíveis.

Governo, entidades e a sociedade não podem tardar no desenvolvimento de novas políticas que façam o ensino instrumento profissionalizante de inclusão ao trabalho. Do contrário, sem ter um horizonte a perseguir, o desmotivado jovem nem encontra razões para estudar. Igualmente, há que se encontrar um meio de garantir ao aposentado a renda e os meios suficientes para viver sem a necessidade de continuar trabalhando. Além de suas vagas serem abertas aos jovens carentes de lugar para trabalhar, a aposentadoria passaria a constituir-se, verdadeiramente, no prêmio pelas três décadas e meia de trabalho realizado continuadamente até adquirir o direito.

Os avanços tecnológicos e científicos dão novas perspectivas ao país, inclusive, com o aumento da expectativa de vida e do tempo em que cada trabalhador permanecerá aposentado. Há a urgente necessidade de se fazer algo, começando pela adoção de meios de ensino eficientes e por formas de retirar o aposentado do mercado sem que isso lhe represente a fome e outras privações. São questões e ações comunicantes que não podem ficar para depois. O governo que conseguir marchar nessa direção estará, sem qualquer dúvida, dando um rumo à economia brasileira, hoje inchada em vez de  sadiamente crescida.

Para o ensino há de se investir em métodos e no acesso das populações a cursos eficientes. Para o aposentado, tudo poderia começar pelo respeito e reconhecimento pelos serviços prestados, com o governo assumindo através do Tesouro os salários hoje pagos aos rurais, a anistiados e a outros beneficiários que não contribuíram para a formação do bolo previdenciário. Se as fatias forem servidas apenas para aqueles que contribuíram para fazer o bolo, cada um receberá mais e não precisará continuar trabalhando até o final de suas forças. Suprido, poderá, se quiser, empregar seu tempo em obras sociais e humanitárias, sem a preocupação de ter de ganhar o próprio sustento...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br  



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