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Opinião
Segunda - 24 de Janeiro de 2011 às 01:40
Por: Mario Eugenio Saturno

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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tem desenvolvido modelos matemáticos para aperfeiçoar a previsão dos desastres naturais. O problema é que as autoridades não se mobilizam nem atuam na prevenção. Agora, para melhorar a informação sobre as intensas chuvas que têm atingido parte do Sudeste, o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do INPE colocou no ar uma página na internet (www.cptec.inpe.br/sudeste.shtml) com a previsão do tempo para os próximos dias, a precipitação acumulada, e modelos numéricos com mais resolução e detalhamento das áreas mais comprometidas.

Como estes fenômenos devem estar associados ao aquecimento global, o INPE recebeu cientistas de todo o mundo em dezembro para avaliar as propostas dos pesquisadores e setores industriais de novos fatores de emissão e outros parâmetros relevantes para uso nas metodologias do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) para inventários nacionais de gases de efeito estufa. Essa atividade foi promovida pela Força Tarefa em Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa do IPCC, coordenada pelo Brasil e pelo Japão. Isso tudo compõe uma biblioteca para que os cientistas estimem as emissões e remoções de gases de efeito estufa. Dessa forma, todos os países estarão falando a mesma "língua" (metodologia) e assim cumprir os compromissos.

Segundo a cientista Thelma Krug, co-presidente da Força Tarefa, o Brasil dá exemplo fazendo um inventário com todas as emissões e bastante detalhado, baseado em dados de muitas fontes, e a cada edição aperfeiçoa a precisão dos dados, reduzindo as incertezas dos números. Esse exemplo é seguido também por Índia e China, enquanto alguns países desenvolvidos, ricos e com melhor o acesso à informação não fazem um inventário bom.

Paralelamente, em outro evento, a conferência internacional Getting Post 2010 - Biodiversity Targets Right, o pesquisador Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), defendeu que o Brasil deveria assumir um papel de liderança nas negociações climáticas internacionais e no compromisso de diminuir suas emissões de gases de efeito estufa. Isso porque nosso país é um dos que mais podem sofrer as consequências do aquecimento global e que coloca em risco a Floresta Amazônica.

O Brasil anunciou na 16ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP-16), no México, o plano de cortar entre 36% a 39% as emissões de gases estufa até 2020, só que não existe uma meta que seja clara e com valor legal.

E o governo, senadores e deputados deveriam prover um arcabouço legal e de fiscalização contra o desmatamento, principalmente o da Amazônia e do Cerrado. O último relatório do sistema de alerta DETER/INPE (www.obt.inpe.br/deter) demonstrou que nos meses de setembro e outubro, respectivamente, foram registrados 448 km² e 389 km² de desmatamento na Amazônia Legal.


Mario Eugenio Saturno
é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



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