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Opinião
Terça - 04 de Janeiro de 2011 às 07:09
Por: Onofre Ribeiro

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Encerro esta série de três artigos voltando os olhos para Mato Grosso, depois de uma breve pincelada sobre os papeis do Brasil diante de si mesmo e do mundo pós-globalizado. Mato Grosso precisa ser compreendido à luz da história recente, sob pena de ficarmos apenas na superfície das suas possibilidades atuais e futuras.

A separação de Mato Grosso do Sul, em 1979, determinou o nascimento de um novo estado que se firmou na capacidade de reação e de empreendedorismo de sua população. Era o momento em que começava a consolidação dos antigos e dos novos mato-grossenses vindos para a ocupação da Amazônia. O espírito empreendedor foi capaz de empurrar os governos estaduais pós-1979 na direção do futuro. A pecuária extensiva do pantanal minguou, mudou para o cerrado, a agricultura de subsistência virou agronegócio, a extração de madeira para exportação bruta acabou.

Uma nova expressão empresarial, casada com visões mais modernas da gestão pública estadual colocaram Mato Grosso numa forte expressão dentro da economia brasileira. Um exemplo: no discurso de posse como governador em 1995, Dante de Oliveira se queixava da fraca participação da economia estadual, com 0,64% do PIB brasileiro. Em 2008 chegou a 1,72%. Não é tanto, mas o PIB de R$ 6,5 bilhões de 1995 alcançou oficialmente pelo IBGE R$ 53 bilhões em 2008, com estimativa (não oficial) de R$ 63 bilhões em 2010. Foi um crescimento e tanto!

A crise financeira mundial iniciada em 2008 com pesados reflexos no Primeiro Mundo, traça novos cenários que levam a crer na transferência gradual da produção de alimentos e de biocombustíveis para o Brasil. Na medida em que isso ocorrer teremos mudanças muito grandes.

A revista “Agroanalysis”, da Fundação Getúlio Vargas publicou na edição de agosto de 2010 um documento contendo todas as propostas dos setores ligados ao agronegócio brasileiro, incluindo a Federação das Indústrias de São Paulo, para os três candidatos presidenciáveis.. Lá se disse textualmente que na próxima década, o Brasil será responsável por 50% do abastecimento das principais commodities de alimentos consumidas no mundo. Estimativas apontam que o Centro-Oeste deverá produzir 60% desse volume, e que Mato Grosso sozinho produzirá 50% delas.

Colocado na balança das possibilidades, isso indica cenários surpreendentes nos próximos anos, a contar de 2011, certamente. Por isso, não se pode enxergar o futuro pelo ângulo da visão estreita de curto prazo. Serão novas indústrias de processamento de alimentos e de biocombustíveis, além do aporte incalculável de capitais nacionais e internacionais em busca desse filão líquido e certo. Hoje seis das principais “tradings” mundiais processadoras de alimento seis já operam em Mato Grosso. Delas se espera ampliações dos negócios e a chegada de outras e de novos negócios para atender a esses cenários. Não se fala aqui na evolução da Copa do Mundo de 2014, com sua dinâmica própria.

Encerro este artigo desejando que o governador Silval Barbosa, que assume o governo do estado em 1º. de janeiro, opere a partir de 2011 uma gestão que atenda a esses cenários e antecipe as demandas prováveis que assediarão a nossa realidade estadual. Parece-me, também, muito oportuno lembrar Lulu Santos na sua canção “Como uma onda”, onde profetiza: “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa. Tudo sempre passará...” Feliz 2011 prá nos todos!


* ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@terra.com.br



Autor

Onofre Ribeiro
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br

É jornalista em Cuiabá.

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