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Opinião
Terça - 28 de Dezembro de 2010 às 13:57
Por: Lourembergue Alves

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Toda vez que se depara com outras culturas, mais forte se torna a do lugar onde se nasceu. O viajar e o visitar terras distantes, então, funcionam como instrumentos para reconhecer a relevância dos valores e das coisas do torrão natal. Contudo, há também de se reconhecer que nos países visitados existem comportamentos que bem poderiam ser imitados. Cuiabá, por exemplo, poderia copiar de Lisboa o gosto e o prazer pelas praças. Espaços preciosos e destinados tão somente aos pedestres, jamais para os carros.

Isso requer, obviamente, maior formação dos motoristas. Embora se saiba que sempre irá aparecer um ou outro querendo fazer das ruas pistas de corrida. O que leva perigo ao perímetro urbano. Aliás, por aqui, da mesma forma com que se vê em quaisquer lugares do mundo, existem os “barbeiros”. São estes – somados aos “pilotos de cidades” - que tumultuam o trânsito, e fazem deste um lugar também de perdas de vida. 

Ocorre que, estatisticamente, o número de atropelados e de mortos na Capital do Estado de Mato Grosso, supera, e muito, o registrado em Lisboa. Nesta, ao contrário da mato-grossense, e isso é importante dizer, se exige total respeito pelo semáforo e pelas faixas dos pedestres. Não se permite “meio termo”, ou “jeitinho à moda brasileira” para “furá-los”. Pois sempre se encontra alguém a pé para atravessar as ruas, e este alguém – ainda que não motorizado – deve ser respeitado e valorizado.      

Assim, o caminhante em Lisboa pode fazer tranquilamente o uso das faixas. Não correrá risco algum, uma vez que os motoristas param seus veículos a cerca de um metro distante das ditas faixas, sem que os façam contra a vontade, ou de “cara feia”. 

Diferentemente, portanto, de Cuiabá, na qual não existem essas chamadas faixas, que dirá o respeito por elas. Desrespeito que se estende aos semáforos. Lá, ao contrário de cá, as cores que lhes saem das lâmpadas agarradas aos postes, geralmente de material parecido ao ferro, não são “enfeites”, muito menos “jogos de imagem” para dar brilho à cidade. Mas, isto sim, “sinais” de “alerta”, de “passagem” ou, enfim, de “travessia” de quem está do outro lado da rua. 

Eis, aqui, uma grande lição dos lisboetas. Lição que urge segui-la. Principalmente a partir de agora, quando Cuiabá e o seu povo se preparam para receber jogos da Copa do Mundo, em 2014. Oportunidade em que para a cidade virão levas de visitantes, e isso certamente incrementará a economia local. Incrementaria mais ainda se o turismo, na Capital mato-grossense, fosse um setor bastante privilegiado pelo governo municipal e estadual. 

Uma vez mais, cabe trazer exemplos de Lisboa, cujo desenho turístico é muitíssimo valorizado. Trabalho que se estende desde o centro histórico às áreas periféricas, contando com as vilas que compõem aquilo que se pode chamar de anel citadino. 

Em Cuiabá, no entanto, os poderes constituídos, sequer valorizam os “passos históricos”. O muito que fazem, e não existe nisso nada de se admirar, é evidenciar uma ou outra passagem da história local em datas específicas, assim como procedem com o folclore, danças e, em fim, com a cultura cuiabana.

Comportamento que, por si só, explica o porquê as praças cuiabanas são mal cuidadas. Detalhe que, possivelmente, chamam a atenção dos que visitam Cuiabá. Negativamente, diga-se de passagem.     

 
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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