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Opinião
Sexta - 19 de Novembro de 2010 às 07:20
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Uma nova crise econômica foi dada ao conhecimento do mundo nesta terça-feira. Portugal, a Irlanda, a Grécia e a Espanha não conseguem fechar suas contas, apesar das restrições adotadas durante a última tormenta. Especula-se que, se este e outros países da região não conseguirem o equilíbrio, o euro – moeda que unifica a Europa – corre o risco de se esfacelar e trazer ainda mais incerteza ao cenário econômico internacional. Não se deve esquecer que o dólar – moeda de referência desde o final da 2ª Guerra Mundial – já sofre pesadas restrições e pode, até, deixar de figurar como a baliza dos negócios internacionais.

Numa primeira e superficial análise, temos de concordar que não se trata de uma nova crise, mas dos reflexos da primeira, que quebrou o mercado imobiliário, a indústria automobilística e a própria economia norte-americana. Hoje os EUA inundam o mundo com dólares e as economias não estão preparadas para essa avalanche financeira, que rompe com seus fundamentos.

Desde que foi criado, em diferentes momentos, muito mais por decisões políticas do que econômicas, o sistema financeiro internacional é um grande quebra-cabeças. Inicialmente era defendida a clássica tese de que a poupança faz o desenvolvimento. Assim, aquele que já havia conseguido comprar a sua geladeira e possuía recursos para adquirir uma segunda, em vez de fazê-lo, emprestava seu dinheiro para que o sem recurso também adquirisse a sua e pagasse juros pela utilização do capital. Mas, muita água passou por baixo da ponte e dezenas de teorias foram invalidadas. Os mercados financeiros forçam para emprestar seu dinheiro aos carentes, a indústria força para produzir e vender seus produtos e o consumidor – independente do seu potencial econômico – é praticamente obrigado a consumir, para garantir o “funcionamento” da economia.

O Brasil, até recentemente um pais meramente agrícola, industrializou-se, tornou-se a oitava economia do mundo – embora tenha IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) sofrível – e, virou um dos integrantes da ciranda econômica. Conseguiu, inclusive, a façanha de “pagar a divida externa” e até emprestar dinheiro ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Mas isso implicou na ampliação astronômica da divida interna. Como dizem os economistas, deixou de dever ao banco, mas passou a dever para o pai, a mãe, o irmão, os filhos e outros parentes.

No ano passado, quando os EUA, a Europa e o Japão “quebraram”, o presidente Lula garantiu aos brasileiros que a crise aqui chegaria apenas como “uma marolinha”. Abriu as burras do governo, reduziu impostos, incentivou o consumo e conseguiu manter o equilíbrio da economia brasileira. Agora temos uma nova crise. Lula já elegeu a sucessora e seu partido saiu fortalecido das eleições. Todos nós, cidadãos brasileiros, esperamos que os fundamentos  ainda continuem válidos e que a nova crise não chegue à nossa porta. Do contrário, seria uma grande decepção nacional.  Mercê da dívida interna,  suportamos, no máximo, a “marolinha”...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br 



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