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Opinião
Terça - 02 de Novembro de 2010 às 09:00
Por: Lourembergue Alves

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Enfim, uma mulher governará o país. Resultado já esperado. Não existe aqui surpresa alguma. O poder de sedução eleitoral do presidente Lula falou mais alto. Sobretudo diante de uma oposição acanhada e sem trazer na bagagem projeto alternativo de governo. Aliás, neste particular, igualaram-se petistas e tucanos. Pesaram, portanto, os desacertos da campanha peessedebista e a força política do ex-metalúrgico. 

Contudo, é preciso dizer, os oposicionistas não saíram da eleição de 2010, de todo derrotados. Ainda que tenham perdidas cadeiras no Senado e na Câmara Federal. Pois somente o PSDB conseguiu conquistar o governo de oito Estados, entre os quais o de São Paulo e o de Minas Gerais – dois dos maiores pólos políticos e econômicos do país. Além disso, o candidato Serra superou a petista Dilma no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Acre, Roraima e Espírito Santo. 

Carecia, no entanto, vencer no Estado mineiro, o que não aconteceu, e precisava sair com uma frente de seis milhões e meio de votos da unidade paulista para superar o distanciamento da petista no Norte e Nordeste. Os quase dois milhões obtidos a mais, porém, foram insuficientes para que ele virasse o jogo.

Saiu-se vitorioso o atual presidente, sem que este fosse, de fato, o postulante, mas sim sua ex-ministra da Casa Civil. Embora se saiba que a sua pupila-candidata também teve seus méritos. Não saiu do “script” que lhe fora recomendado. Seguiu a risca a recomendação do marketing. Mesmo quando se valeu dos ataques e ainda ao posar-se de vítima, quando atacada. Diante de um oponente despreparado para a disputa. Tanto que este não ousou trazer para a mesa de discussões temas importantes e necessários. Certamente por lhe faltar conteúdo, discurso e projeto.

Por essas mesmas razões, a situacionista não se atreveu a trazer para os debates, por exemplo, a reforma tributária e a reforma política. Ficaram de fora, igualmente, a educação, saúde e a segurança pública – setores diretamente ligados ao cotidiano da população. Ausências que empobreceram a disputa, além de denunciar a falta de projetos e de programas do tucano e da petista.

Explica-se, portanto, o uso dos ataques pessoais. Inclusive nos espaços da Internet, onde se viu de tudo, sob o batuque do preconceito e de inverdades, que arrastaram o aborto e a religião para o tablado da política eleitoral. 

A partir daí se viu toda espécie de chantagem, que envolvia a crença ou não em Deus, e se estendeu a acusações infundadas, mentiras que eram apresentadas como verdades, e estas que, rapidamente, se transformavam em inverdades. Isso reforça a idéia de que a mentira sempre se fez presente na política. O que faz da atual campanha a pior de todas, desde 1989, inclusive no desrespeito da legislação eleitoral.  

Apesar disso, o grande vitorioso foi o ex-metalúrgico, que fez da sua candidata – inexperiente e inabilidosa no lidar com o jogo polítco – presidente da República. Derrubando, desse modo, todas as teses que defendiam a inexistência da transferência de votos.       

     
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrvendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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