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Opinião
Quarta - 29 de Setembro de 2010 às 00:01
Por: Pedro Cardoso da Costa

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Talvez pelas verbas oficiais que recebem dos governos, a imprensa brasileira demonstra muita insegurança ou sensibilidade com relação às palavras das autoridades federais quando a criticam, em especial do presidente da República. É preciso reforçar a idéia de que a democracia já tem força suficiente para superar ameaças, concretas ou vãs, de uma única pessoa, independente do cargo que ocupe.

Ressalva feita, a proposta é falar da atuação fraca da imprensa no processo eleitoral. As perguntas formuladas aos candidatos são genéricas demais e divagações são aceitas como respostas. Responder o que foi perguntado deveria ser a regra primeira dos debates, sem importar a dureza da pergunta nem da resposta.

Como caminha para isso, caso vença no estado de São Paulo, o Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB vai completar vinte anos no poder. Poderiam fazer um levantamento de quantas pessoas moravam em favelas em 1994 e quantas moram hoje. Por que não diminuíram ou acabaram com as favelas. Caso sustentem que fizeram isso, a imprensa deveria apresentar os números e as imagens de milhares de favelas em São Paulo. Exigir que as autoridades comprovassem onde foram transformadas, mas mostrar quantas favelas surgiram, que não existiam em 94. Sobre a violência, deveriam apresentar as centenas de milhares de pessoas assassinadas nesse período e saber como o governo resolveria esse genocídio tolerado até aqui. Além disso, mostrar ou indagar deles quantos assassinos foram punidos. As perguntas deveriam ser diretas e objetivas. Exemplo: qual governo é responsável direto pela segurança pública e pelos julgamentos de assassinos? Quantos assassinatos ocorreram no estado de São Paulo durante os dezesseis anos de governo do PSDB? Ou em outro estado, conforme quem esteja no poder.

Sobre a educação, o debate se restringe à promessa de uma em acabar a progressão automática. A questão não está na progressão automática, se a criança de 10 anos não sabe ler nem escrever, não importa se ela está na quinta série, com a progressão automática ou na 1ª com a reprovação. O relevante é que ela deveria saber e não sabe. Definitivamente, os fatores decisivos para isso são outros.

Agora, existem outras questões defendidas ou citadas por todos, mas ninguém fala do essencial. Voto consciente e colocar a culpa no eleitor por conta de pilantras que se aproveitam do poder para roubar dinheiro público. Ninguém cobra que os partidos tenham atividades fora do período eleitoral para conscientizar os cidadãos. Nenhum normal sabe onde fica a sede de um partido nem o que ele faz. Nada mais essencial para caracterizar um voto consciente do que ele ser facultativo. Defende-se democracia para tudo, menos para exercer o seu elemento principal, que é o voto.

A imprensa brasileira não sai do “a” falou de “b”, “c” respondeu a “d”, sobre os principais candidatos. Trata-se da elitização da fofoca de boteco. O pior é não se vislumbrar algum movimento na tentativa de mudança. Nem dos veículos de comunicação nem das várias entidades sociais. A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, a União Nacional dos Estudantes - UNE, as ONGs, e outras entidades que se posicionam em tudo que lhes diz, ou não respeito, não tocam no voto facultativo.

Repete-se o que escrevi após as eleições de 1998. Depois dessas eleições, seriam necessários movimentos neste país para acabarem com o voto obrigatório. E já aproveitar o momento para avançar no aprimoramento do processo eleitoral para que a votação se realize pela internet.

Para o momento, tendo em vista que haverá muito bate-boca ainda, que a imprensa apresente dados e exija explicação objetiva dos candidatos da situação, por que determinados números, o que deveria ter sido feito e não foi. E da oposição, por que faria diferente num eventual governo, comparando com números de estados onde estão governando ou com gestões anteriores.

Como são feitos os chamados debates, o aproveitamento para o público é zero, tanto faz com um ou com mil. Nenhuma resposta coerente, prioridade para tudo e nenhum posicionamento objetivo ou tecnicamente confiável. Já a imprensa finge que está contribuindo para o voto consciente. Só se for de que nenhum político tem conteúdo. E, com a maior cara de conteúdo, descem a lenha em Tiririca. Talvez este, é que esteja sendo mais sincero.


Pedro Cardoso da Costa
– Interlagos/SP

         Bel. Direito



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