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Opinião
Sexta - 24 de Setembro de 2010 às 11:34
Por: Lourembergue Alves

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Fase final de campanha. A movimentação é grande nos bastidores. Candidatos correm de um lado para outro. Demonstram certo nervosismo. O que é natural. Pois nove dias separam o eleitor da urna. Tempo curtíssimo. Sobretudo para o postulante, e a sua equipe, que se encontra distante de quem lidera as pesquisas de intenção de voto. Daí a mudança de marqueteiro e, por conta disso, de tática. A opção, agora, é pela denúncia.

O "denuncismo" sempre fez parte da disputa político-eleitoral. A oposição se valeu dessa estratégia para minar a situação, mesmo no contexto sócio-político-econômico da ditadura burocrático-militar. A censura e a baioneta não foram empecilhos. Pois se inventavam "mil e uma maneiras" de furar o bloqueio autoritário ou ditatorial. Principalmente a partir do instante em que se pode eleger diretamente o governo do Estado.

É claro que no império da liberdade, mais possibilidades se têm para exprimir os descontentamentos, e isso permite maior espaço para as denúncias. Ainda que algumas delas não venham acompanhadas de fundamentação ou de provas. Situação, aliás, repetida na chamada redemocratização do país, com os udenistas, do porte de Carlos Lacerda e de Augusto Mario Vieira, a girarem sua metralhadora de acusações. Os petebistas também não ficavam para traz, nem os peessedistas. Acusavam-se mutuamente. Seus jornais, que eram porta-vozes, estão cheios de denúncias.

Dessa escola, muita coisa continua em atividade hoje em dia. Sobretudo no que tange ao uso da guerra psicológica para enfraquecer o adversário, e, nessa guerra, destaca-se o "denuncismo". Favorecido pelo personalismo do embate político. Razão pela qual jamais terá um horário eleitoral ou um debate sem que haja uma denúncia, especialmente contra o candidato da situação. Principalmente quando o postulante governista se encontra na frente das pesquisas.

Estratégia bastante utilizada. No entanto, muitas vezes tal estratégia não surte o efeito desejado. Particularmente quando se valem de notícias requentadas, do tipo "maquinários", uma vez que essas já foram demasiadamente batidas, e, portanto, dificilmente se transformarão em "fato novo". O que pode "ser um tiro no próprio pé".

Risco que poderia ser evitado. Mas a oposição, mal assessorada, prefere "bater na mesma tecla" que, necessariamente, provocar a discussão de temas de importância vital para a região mato-grossense. Para tal, no entanto, seria relevante o estar preparado. O que não é o caso do socialista e/ou do tucano. Ambos pecam, inclusive, no discurso e no encaminhamento das próprias teses, se é que as tenham.

Percebe-se, então, o porquê do uso da denúncia. Certamente vejam nessa prática a única maneira de virar o jogo, ou levar a decisão para o segundo turno, no qual o socialista e o tucano poderiam firmar, oficialmente, a aliança contra o peemedebista e candidato a reeleição. Comportamento que em nada contribui para o processo democrático. Pois neste, predomina o embate de ideias e de propostas. O que exige do postulante maior preparo e conhecimento. Predicados em falta no quadro que se tem, particularmente no da oposição.


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br



Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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