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Opinião
Terça - 14 de Setembro de 2010 às 10:06
Por: Alexandre Garcia

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O homem mais rico do Brasil, Eike Batista, num manuscrito publicado pela Veja desta semana, escreve "diciplinado" em vez de disciplinado. Talvez isso mostre que ser bom para negócios não demande, necessariamente, conhecimento da língua nacional. As empresas do senhor Batista estão por toda a parte, inclusive no estado do Amapá, onde ficou faltando dinheiro para a Educação. Como se sabe, Educação é base para que o eleitor iletrado e desinformado se converta num cidadão que lê, que acompanha, que se informa e que tem conhecimento suficiente para fazer julgamentos e tomar decisões, como a de eleger um governador. Não é, pois, do interesse de políticos demagogos, populistas e assistencialistas, que o eleitor se liberte pelo conhecimento. Será mais difícil de lidar e de convencer. No Brasil - um em cada cinco de nós é analfabeto funcional.

Pois no Amapá, a Polícia Federal prendeu o governador e candidato à reeleição, o ex-governador - atual candidato ao Senado - o ex-presidente da Assembléia e atual presidente do Tribunal de Contas - todos por desvio de dinheiro para a Educação Fundamental. Não é gente desimportante, sem responsabilidades públicas. Waldez Goes foi eleito governador e depois reeleito e lidera as pesquisas para o Senado, sempre com o apoio do senador pelo Amapá, José Sarney. A mulher dele, presa também, é delegada de polícia e chefiou, no governo dele, a Polícia Especializada. A propósito, foi preso também o Secretário de Segurança, um delegado da Polícia Federal.

O ex-presidente da Assembléia Legislativa usou seu poder político para ser nomeado para o Tribunal de Contas do Estado e lá se tornou presidente. Para a roubalheira não dar na vista dos pobres contribuintes e eleitores do Amapá, escondeu na casa dele em João Pessoa, Paraíba, uma Ferrari, uma Maseratti, um Mini Cooper e dois Mercedes - uma espécie de confissão de que as compras milionárias daqueles carros não tinha explicação no seu contracheque oficial. Um dos beneficiados com contratos na área de Educação construiu um parque aquático em Macapá, onde desfilava com uma Ferrari e um BMW.

Estão agora no Presídio da Papuda, em Brasília, à exceção de dois que têm curso superior. Mas isso é pouco para os que roubaram milhões da Educação fundamental de meninos e meninas do Amapá. Roubaram-lhes o caminho da libertação do jugo dos políticos; roubaram-lhes o caminho do futuro; roubaram-lhes uma vida mais digna. Merecem apenas cadeia? Lá no Irã, por apenas uma acusação falsa de adultério, uma mulher foi condenada ao apedrejamento. Não com pedras muito grandes, para que tivesse tempo de sofrer por seus crimes. Aqui não existe pena assim cruel. Mas e se os mandássemos para o Irã, em troca da Sakineh?


Alexandre Garcia
é jornalista em Brasília e escreve em A Gazeta às terças-feiras. E-mail: alexgar@terra.com.br



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