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Opinião
Terça - 14 de Setembro de 2010 às 08:26
Por: Lourembergue Alves

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Mais um debate entre os presidenciáveis. Nenhuma novidade. Os candidatos repetiram os chavões de sempre. Talvez por lhes faltarem propostas. Permaneceram todo o tempo acusando uns aos outros. O que inviabiliza qualquer reação por parte da oposição, e isso, obviamente, favorece a situação. 

Quadro desanimador. Sobretudo para o analista ou estudioso do jogo político-eleitoral. Ainda que não se possa dizer o mesmo com relação à maioria do eleitorado. Pois uma boa parte desta maioria vota pensando no imediatismo, cuja força-motriz é o estômago, e a segunda parte decide por quem aparece à frente nas pesquisas. 

Assim, inexiste qualquer possibilidade dessa disputa ser deslocada para o segundo turno, conforme pediu a candidata do PV, Marina Silva, nas suas considerações finais. Mesmo assim, nada convincente, uma vez que ela apareceu nervosa, perdida tanto no momento de dar as respostas quanto no de elaborar as perguntas para os demais concorrentes. Por conta disso, se mostrava apavorada a ponto, por exemplo, de se perder com o tempo que lhe cabia. Parecia até que cumpria a tarefa de ajudar a Dilma Rousseff. 

A ex-ministra da Casa Civil, mais acomodada, embora evasiva e com seu jeito agressivo de ser, não mudou a tônica do debate. Preferiu ensaiar algumas tiradas, sobretudo quando atacada pelo tucano. Mas, definitivamente, não leva jeito para a coisa. Falta-lhe tudo, inclusive experiência e vocabulário.  

O pior de tudo é ver um ex-governador sem ação, atrapalhado com seus próprios problemas. Mais parecia um “marinheiro de primeira viagem”. Não acostumado à tribuna, nem dado ao debate. Sentia-se visivelmente desconfortável. Certamente por isso, procurou todo o tempo trazer para a discussão a quebra de sigilo na Receita Federal. Nem assim, José Serra conseguiu sobressair-se. Ficou preso com palavras desconectadas umas com as outras, sem força de reação, ainda que as perguntas das jornalistas lhes trouxessem “deixas” extraordinárias. 

Os únicos momentos interessantes no debate foram ocasionados pelo representante do PSOL. Plínio foi irônico quando deveria sê-lo, sábio quando o instante lhe exigia e preciso nas perguntas. Porém peca, e muito, com o discurso fora de moda, inapropriado para o período em que se vive. 

Percebe-se, então, que a disputa pela presidência da República é travada por pessoas sem qualquer condição de serem candidatos, que dirá exercerem o cargo mais importante do Estado. 

Pobre do país! Pobre do povo! Ambos entregues a alguém despreparado. Justamente quando mais se precisaria de um estadista, uma vez que não se tem, hoje, o disciplinamento das contas públicas, nem existe a organização tão necessária no lidar com as coisas públicas, daí toda a agressão a legislação e aos direitos constitucionais. 

As quebras de sigilos são amostras, incontestes, da desorganização reinante. Escamoteada que é pela propaganda e pela astúcia de um presidente, que conta com a aprovação popular.
 Cenário que não inspira confiança alguma. Pois até mesmo a disputa pela presidência ficou a cargo de postulantes despreparados e desabituados com o viver democrático.        


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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