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Opinião
Quarta - 25 de Agosto de 2010 às 18:33
Por: Kleber Lima

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Em pelo menos duas ocasiões nos últimos dias o deputado Carlos Bezerra, candidato à reeleição e presidente regional do PMDB, enunciou as qualidades do deputado Carlos Abicalil como um dos principais quadros da política mato-grossense e um dos maiores especialistas em educação do Brasil, para em seguida apontá-lo como um senador do qual Mato Grosso não pode prescindir, devido ao seu trânsito no Congresso Nacional, sua capacidade de articulação política e sua ligação estreita com o atual presidente Lula e com Dilma Roussef – e hoje já podemos dizê-lo, virtual presidente do Brasil a partir de janeiro de 2011.

Em 20 de junho de 2006 publiquei aqui neste espaço artigo com o mesmo título acima, evidenciando as mesmas qualidades do petista. Eleição e política, quando não há interferências de outra natureza, é o resultado da simbiose entre conjuntura e correlação de forças. Pelo menos este é um bom método para analisar os diversos momentos da nossa política. A conjuntura e a correlação de forças de 2006 eram bastante diferentes das de 2010. Especialmente na disputa ao Senado, não havia naquele ano um candidato que figurasse com o mesmo favoritismo que Blairo Maggi apresenta atualmente (Jaime liderava, em junho de 2006, com apenas 25% das intenções de voto, contra os mais de 60% de Blairo quatro anos depois), e havia apenas uma vaga em disputa.

Mesmo assim eu via que a conjuntura e a correlação de forças da ocasião conspiravam a favor de Abicalil, um nome forte politicamente, com densidade eleitoral e com basicamente o mesmo trânsito na esfera federal que ainda possui hoje. E, o mais importante: havia um vácuo na representação simbólica diante dos nomes apresentados (além de Jaime, Rogério Salles, Professora Janete e o Zebra, salvo engano), o que levou os eleitores a só se definirem para o Senado nos últimos dias da disputa.

Embora tivesse questionado ao próprio Abicalil na ocasião a razão pela qual não entrava no jogo, só vimos a conhecer seus reais motivos este ano, depois do confronto interno entre seu grupo e o da atual Senadora Serys pela vaga. Naquele ano, inclusive, no mesmo radicalismo, Serys acabou sendo candidata ao Governo, limitando o horizonte do PT e com um desempenho muito fraco.

Faço esta reminiscência estimulado pelo posicionamento do deputado Bezerra, um dos políticos mais experientes de Mato Grosso, e que sabe tudo de política. Quando Bezerra diz que Mato Grosso não pode prescindir de ter Abicalil no Senado – a ponto de considerá-lo como se fosse um candidato do próprio PMDB -, não o faz por mero apelo retórico tampouco apenas pelo fato de seu primeiro suplente ser do PMDB. Ainda que fosse, não tiraria a legitimidade de sua posição.

A eleição de Abicalil pode ser considerada mais importante para Mato Grosso do que a de Blairo Maggi.  Depois da morte de Jonas Pinheiro, a liderança na representação do agronegócio no Congresso Nacional (a chamada Bancada Ruralista) passou para políticos de outros Estados, como o deputado Ronaldo Caiado (GO) e a senadora Katia Abreu (TO). Blairo Maggi tem credenciais para se destacar nesta bancada, mas também pode não se sobressair, afinal a atividade legislativa é uma novidade para ele, como foi para Homero Pereira e Gilberto Goelner.

Além disso, a representação que Abicalil exerceria seria infinitamente mais ampla, o que não permite que seja classificado sequer como bancada da educação, assumindo um papel mais central nas articulações nacionais, e olhando os interesses Mato Grosso por inteiro. A cúpula da coligação “Mato Grosso em Primeiro Lugar”, em especial o PR e o PP, precisa ouvir o que vem dizendo Carlos Bezerra, e apostar pra valer na eleição de Abicalil, hoje bastante factível, como demonstram as últimas pesquisas.

A evolução do quadro nacional com o crescimento de Dilma e sua possibilidade cada vez mais concreta de vencer no primeiro turno, combinada e à semelhança do quadro regional, com a ampliação do favoritismo de Silval Barbosa – além da ótima e obvia sacada do marketing de Abicalil de colá-lo a Maggi pedindo o voto para os dois – estancou o crescimento verificado inicialmente na preferência por Antero. Com um mínimo de boa vontade dos cardeais da coligação governista, vão eleger os dois. A menos que não desejem essa vitória sobre o PSDB.


(*) KLEBER LIMA
é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.



Autor

Kleber Lima

KLEBER LIMA é jornalista e secretário de Comunicação da Prefeitura de Cuiabá

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