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Internacional
Sexta - 10 de Dezembro de 2010 às 13:34

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A emissora estatal Press TV explicou que Sakineh Mohammedi Ashtiani, a iraniana condenada à morte por adultério e cumplicidade no assassinato do seu marido, foi tirada da prisão e levada à sua casa por algumas horas para filmar a reconstrução do crime para um programa especial que será veiculado nesta sexta-feira. As imagens de Sakineh em sua casa, ao lado do filho, suscitaram notícias de ONGs na véspera de que a iraniana havia sido libertada.

O governo iraniano ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

"A mulher acusada de assassinato e adultério acompanhou uma equipe da emissora à sua casa para relatar os detalhes do assassinato do seu marido no cenário do crime", diz o site em inglês da Press TV. "Ao contrário do publicado amplamente pela imprensa internacional sobre a libertação de Sakineh, o certo é que uma equipe de produção em colaboração com a Press TV chegou a um acordo com a Justiça para recriar com ela a cena do crime".

As esperanças sobre a libertação de Sakineh, de 43 anos, foram alimentadas nesta quinta-feira depois de o Comitê Internacional contra o Apedrejamento ter anunciado que tinha informações procedentes do Irã apontando nesse sentido.

A confusão teria sido gerada por um trailer do programa, que mostrava as imagens de Sakineh no jardim de sua casa, embora não tenha citado sua libertação em nenhum momento. Uma parte do documentário emitido na noite desta quinta-feira já dava pistas de que a libertação era infundada, já que em uma das imagens a mulher afirmava: "Planejamos a morte do meu marido".

O canal divulgou ainda fotos de Sakineh, com expressão neutra, posando em sua casa em Oskou, 570 km de Teerã, nos dias 4 e 5 de dezembro.

O canal afirma que a história completa será transmitida às 18h35 (horário de Brasília) dentro do programa "Irã Hoje", que veiculará ainda testemunhos do seu filho, Sajad Ghaderzadeh, e o advogado de Sakineh, Javid Houtan Kian, que também estão detidos.

Nesta quinta-feira, o Comitê contra a Lapidação, ONG com sede na Alemanha, confirmou a libertação não só de Sakineh, como de Ghaderzadeh, Houtan Kian e de dois jornalistas alemães que os entrevistaram. A ONG Solidariedade Irã, que também acompanha o caso, também confirmou a libertação de Sakineh.

Sakineh foi inicialmente condenada à pena de morte por apedrejamento. A sentença foi suspensa neste ano após várias críticas de grupos de direitos humanos terem levado a forte pressão internacional sobre o Irã.

Segundo a lei islâmica, em vigor no Irã desde a revolução de 1979, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, e crimes como assassinato, estupro, roubo a mão armada, apostasia e tráfico de drogas são todos punidos com a morte. Ainda este mês, os EUA condenou os planos anunciados de executar Sakineh. O Reino Unido alertou o Irã contra ir em frente com a punição, e a França pediu ao país para perdoá-la.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo a Sakineh em julho, levando a uma recusa pública da oferta pelo Irã, que disse que Lula é "uma pessoa humana e sensível", mas não tinha conhecimento de todos os fatos.

CASO

Em 2006, Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43, foi condenada duas vezes à pena de morte por dois tribunais diferentes de Tabriz (noroeste do país) em dois processos distintos, acusada de participação no homicídio do marido e de ter cometido adultério, em particular com o suposto assassino do marido.

O grupo de direitos humanos Anistia Internacional (AI) disse que Sakineh foi considerada culpada de "adultério quando estava casada", o que teria negado, e foi sentenciada à morte por apedrejamento.

A Anistia listou o Irã como o segundo país do mundo com mais execuções em 2008, depois da China, e disse que Teerã matou ao menos 346 pessoas em 2008. As autoridades iranianas rejeitam as alegações de abusos de direitos humanos, dizendo que apenas seguem a lei islâmica.

Um ano depois, a pena de morte por enforcamento pela participação no homicídio do marido foi comutada por dez anos de prisão por uma corte de apelações, mas a execução por apedrejamento foi confirmada por outro tribunal de apelações no mesmo ano. Todas as informações foram divulgadas por autoridades iranianas e advogados ligados ao caso. Os papéis do caso não foram divulgados à imprensa.

Em julho deste ano, sob forte pressão internacional, Teerã anunciou que a condenação à pena capital havia sido suspensa e que o caso estava sendo reexaminado Desde então, o caso volta à imprensa ocasionalmente com declarações de oficiais iranianos.






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