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Saúde
Quarta - 01 de Dezembro de 2010 às 09:03
Por: Camila Neumam

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AE

A popularização da camisinha e o acesso aos coquetéis antirretrovirais (remédios que têm a função de impedir a multiplicação do vírus HIV no organismo) deram uma face mais amena à Aids para as novas gerações. Tanta facilidade, no entanto, abriu caminhos para a falta de prevenção e de consciência de que a doença ainda mata e cria limitações físicas e sociais. Esse comportamento é reflexo do aumento de casos de Aids entre os adolescentes brasileiros.

Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, que será publicada nesta quarta-feira (1º), Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o número de municípios com casos da doença entre jovens de 13 a 19 anos aumentou de 155 para 237 entre 1991 e 2009.

Isso acontece porque essa população não vê mais portadores do HIV à beira da morte como antigamente e não identificam a doença como algo que deve ser evitado a qualquer custo, explica o infectologista Ronaldo Halal, assessor técnico do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

- Pessoas continuam morrendo de Aids, inclusive no Brasil. E uma das situações que levam a isso é o diagnóstico tardio.

Segundo dados do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, os casos de morte vinculada à Aids cresceram nos últimos três anos no Brasil, onde11.523 pessoas morreram em 2008, contra 11.372 em 2007 e 11.046, em 2006.

Dificuldades no tratamento não são abordadas

O número de mortes só não é maior por causa dos coquetéis antirretrovirais, que conseguem impedir a multiplicação do HIV. Apesar disso, viver a base desses medicamentos não é simples. O tratamento contra o vírus é complexo e envolve uma série de dificuldades. Ao tomar ao menos três categorias destes remédios por dia, o portador está passível a sofrer com efeitos colaterais desagradáveis e, no longo prazo, problemas de saúde decorrentes deles, segundo Halal.

- O AZT pode causar insônia, alteração do apetite e mal estar, que aparecem em geral no primeiro mês. O Efavirenz, usado antes de dormir, pode causar alterações no sono, pesadelos, tonturas e se usado com álcool ou substâncias psicoativas, como maconha e cocaína, pode causar sensação de embriaguez.

Os efeitos mais preocupantes são a dislipidemia (níveis altos de triglicérides, aumento do colesterol total e do mau colesterol e diminuição do bom colesterol) e a lipodistrofia (quando se perde a gordura do rosto, bumbum, pernas e braços e se acumula na barriga, costas, pescoço e mamas). Para evitá-los ou amenizá-los, o infectado precisa criar disciplina de horário para tomá-los e sempre recorrer ao médico, sendo às vezes necessárias mais drogas no organismo que já está debilitado.

- Essas disfunções estão relacionadas a um potencial risco de doenças cardiovasculares no futuro em pessoas que têm HIV e estão em tratamento, principalmente quando começam a envelhecer.

Pode haver também danos aos rins, fígado, ossos, estômago, intestino e problemas neuropsiquiátricos.

No Brasil, pelo menos 190 mil pessoas fazem o tratamento com os antirretrovirais, segundo o assessor do ministério.

Coquetel pode trazer qualidade de vida

Uma forma de minimizar os efeitos colaterais do coquetel é optar por uma vida saudável, com alimentação e prática de exercícios físicos. Isso ajuda o organismo a responder melhor aos medicamentos e evitar doenças oportunistas, como tuberculose e pneumonia, que pioram ainda mais a saúde, explica Halal.

Entretanto, o coquetel ainda é a melhor garantia de sobrevivência do portador do HIV. Se o infectado seguir as recomendações médicas, dificilmente terá todos esses sintomas em cadeia. Tanto que o coquetel já é usado como política de prevenção da saúde, diz Pedro Chequer, coordenador da Unaids no Brasil.

- Tivemos pesquisas na África que mostraram que o paciente, quando tratando adequadamente, tomando a droga do jeito certo, pode reduzir a carga viral a tal nível circulante no sangue, que ele tem um risco bastante pequeno de transmitir o vírus durante o sexo.

Essa perspectiva, junto com o uso da camisinha, aumenta a perspectiva de que o tratamento também ajuda na prevenção, impedindo que a transmissão se espalhe, explica. Mas questiona:

- Entre escolher usar camisinha e os medicamentos, o que é mais fácil?





Fonte: do R7

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