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Politica Brasil
Quinta - 18 de Novembro de 2010 às 21:23

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De uma ligação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que ajudou a melar uma eventual fusão entre PT e PDT logo após as eleições de 1998, até uma apresentação póstuma a Getúlio Vargas, intermediada por Leonel Brizola, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou nesta quinta-feira uma série de episódios pouco conhecidos entre dois dos principais personagens da história política recente do país.

Durante 15 dos 25 minutos de um discurso para uma plateia formada quase exclusivamente por pedetistas, durante a inauguração, em Brasília, do Centro de Referência dos Trabalhadores, com o nome de Brizola, Lula relembrou uma série de causos entre os dois.

Lula e Brizola, morto em 2004, sempre tiveram uma relação entre tapas e beijos. Chegaram a disputar duas eleições presidenciais, em 1989 e 1994, como adversários. Em 1998, Brizola foi vice de Lula. O trabalhista ainda deu a Lula, em 89, o apelido de "sapo barbudo".

APRESENTAÇÃO PÓSTUMA

Admitindo sempre ter sido refratário ao sindicalismo varguista --segundo o presidente, por semelhanças com a "Carta del Lavoro", do ex-ditador italiano Benito Mussolini-- Lula diz ter sido convencido por Brizola, em 1998, a visitar o túmulo de Getúlio Vargas, em São Borja (RS).

"Em determinado momento, o Brizola começou a conversar com o Getúlio. E era uma coisa que eu fiquei espantado. Ele estava conversando com admiração como se o Getúlio estivesse ali, ouvindo ele. E, de repente, o Brizola fala: "Ô Lula, quer conversar com o Getúlio?".

"Não, Brizola, não quero conversar, não", respondeu Lula.

"Mas aí ele me apresentou pro Getúlio. Eu saí de lá, e falei: "Esse Brizola transcendeu a minha compreensão", disse o presidente, seguido de risadas do público.

Segundo o relato do presidente, um dos fatores que impediu a fusão entre PT e PDT foi um telefonema, em dezembro de 1998, do então presidente reeleito Fernando Henrique Cardoso para a casa de Lula, em São Bernardo do Campo. Segundo o presidente, ele e Brizola estavam "em conversações" rumo a um entendimento.

"Fernando Henrique ligou pra minha casa cinco vezes. Queria conversar comigo", disse Lula, que afirma ter resistido em um primeiro momento. "Pra quê fui conversar? O Brizola soltou os cachorros. Achou que tinha sido a maior traição do mundo".

EMPATE TÉCNICO

Um dos picos da relação de rivalidade entre os dois se deu nas eleições de 1989, quando os dois disputaram a Presidência da República. Lula chegou ao segundo turno contra Fernando Collor, batendo Brizola por cerca de 450 mil votos (0,6% dos votos válidos).

Mas Brizola não estava satisfeito. Chamou Lula ao seu escritório no Rio Grande do Sul e alegou, segundo o presidente, que houve "empate técnico" e pediu que Lula retirasse sua candidatura e que os dois passassem a apoiar o tucano Mário Covas.

Lula o demoveu da ideia em poucos minutos. Segundo o relato do presidente, Brizola pegou Lula pela mão e, da janela de seu escritório, levantou o braço do hoje presidente, e disse: "Estamos juntos". Estava selado o apoio do pedetista ao "sapo barbudo" no segundo turno de 1989.






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