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Saúde
Terça - 02 de Novembro de 2010 às 18:40

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O primeiro gole é apenas um passo para a descoberta de um prazer, que com o tempo vai aumentado e se tornando cada vez mais frequente e incontrolável. Esta escala é apenas uma definição da realidade vivida por dependentes da bebida alcoólica.

Segundo dados de um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde, para cada seis pessoas do sexo masculino que fazem uso do álcool, uma fica dependente. No período de 2000 a 2006, 1.110 homens e 126 mulheres morreram por causa do álcool, por doenças relacionadas ao álcool ou em acidentes de trânsito, afogamentos e quedas causadas pelo uso de bebida alcoólica. Cuiabá é 5° capital do país em consumo de bebida alcoólica. A avaliação considera como dose de bebida uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de destilados como uísque ou vodka.

De um lado uma vontade insaciável. Do outro uma luta contra si mesmo. Assim relata Maurício (nome fictício), que tem 25 anos e está passando por tratamento para se livrar do vício do álcool pela terceira vez. De acordo com ele, o interesse pela bebida foi iniciado aos 13 anos escondido da família. Aos 18 anos percebeu que o consumo só aumentava e que já não tinha mais o controle da situação, passando a se tornar uma pessoa agressiva e inquieta.

O tratamento só foi iniciado ao entender que as oportunidades disponibilizadas pela vida já estavam distantes demais. "Eu queria continuar a beber, mas as portas se fecharam pra mim. Estava perdendo o emprego, peso e a motivação pra viver. Tive situações em que, inconsciente, cortei os pulsos, quebrei a porta, tudo por causa do álcool", contou ele.

Junto com Maurício em uma clínica em Cuiabá estão outras 15 pessoas que lutam para se livrar não só da bebida, mas também do uso das drogas. De acordo com o diretor da clínica, Tiago Checcin, o tratamento dura quatro meses e o método utilizado é baseado em reuniões diárias, acompanhamento psicológico e desenvolvimento de atividades que proporcionem a ocupação dos internos. "Nas reuniões eles aprendem a lidar com os seus sentimentos, dividir experiências de vida e entender que há uma necessidade de parar", explica o diretor. Ele acrescentou ainda que a falta de motivação por parte da família também pode influenciar na questão do dependente ter ou não uma recaída.

O psiquiatra Alaor Santos Filho avalia que o tratamento para dependentes é um pouco complicado porque é necessário que a pessoa seja estimulada a parar. Ele explica que o vício por determinada substância está aliado ao prazer em consumir e não ao fato de fazer bem ou mal. "Ninguém é alcoólatra porque o que ele consome é ruim, mas porque a pessoa cria uma falsa sensação de benefício em saciar a vontade e se esquece das consequências que podem surgir. Infelizmente ainda não há uma medicação que controle totalmente. Quando as recaídas acontecem, a pessoa bebe até mais do que antes e em alguns casos chegam a sentir convulsões provocadas pela abstinência do álcool", finalizou o psiquiatra.

*Evelyn Ribeiro, estagiária do site TVCA





Fonte: TVCA*

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