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Saúde
Sábado - 23 de Outubro de 2010 às 09:46
Por: Raquel Ferreira

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Hospitais da rede pública e privada de Mato Grosso estão em alerta e se preparam para atender casos de infecção provocados pela Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), conhecida popularmente por superbactéria. No Brasil, a contaminação foi confirmada no Espírito Santo (1), Paraíba (18), Paraná (24) e São Paulo (70), além do Distrito Federal, que apresenta a situação mais grave com 183 casos e 18 mortes.

Em Mato Grosso ainda não há registros e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirma que o Ministério da Saúde ainda não emitiu nenhuma nota de recomendação ou protocolo a ser seguido, a exemplo do que ocorreu em Brasília. Porém, as unidades de saúde mato-grossenses já se mobilizam para observar pacientes que apresentem infecções, especialmente os que estão internados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), além de efetuar a notificação do problema.

Ontem, técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reuniram com especialistas para decidir quais medidas serão tomadas em relação ao atendimento médico, bem como definir a restrição de venda de antibióticos nas farmácias. Atualmente, o medicamento é vendido no balcão de drogarias sem necessidade de receita médica.

O presidente do Sindicato do Comércio Farmacêutico de Mato Grosso (Sincofarma), Ricardo Cristaldo, explica que já existia a intenção da Anvisa em restringir a venda de antibióticos e, com o surgimento de vários casos de contaminação pela superbactéria, a medida deve ser tomada de forma mais rápida.

Para a Anvisa, o hábito da população brasileira de se automedicar e usar de forma indiscriminada antibióticos proporciona o aparecimento de bactérias mais resistentes e de difícil combate com os medicamentos atuais.

O professor de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Marcos Antônio Soares, explica que são considerados grupos de riscos da superbactéria pessoas internadas em UTIs, pacientes internados recentemente e pessoas que não estão internadas mas costumam se automedicar. O especialista conta que o uso indiscriminado provoca uma seleção natural das bactérias mais resistentes e mais difíceis de ser combatidas.

Cristaldo comenta que nenhum remédio deve ser tomado sem necessidade, mas que o uso frequente é possibilitado pela facilidade da aquisição. Ele destaca que os antibióticos mais vendidos no balcão são amoxicilina, cefalexina, azitromicina e ciprofloxacino.

O presidente explica que a Anvisa mostrou inicialmente o interesse em controlar a venda desses remédios a exemplo do que é feito com os medicamentos de tarja preta. A receita é feita em 2 vias, sendo que uma delas fica retida no estabelecimento comercial para notificação do órgão de saúde. Mas ainda não há protocolo definido.

Cristaldo entende que a medida tem um lado bastante positivo que é o controle da venda indiscriminada. Porém, afirma que existe a questão negativa diante da impossibilidade da população de ter assistência médica ampla e eficaz. "Muitos problemas são resolvidos na farmácia pela dificuldade em ser atendido por um médico".

O farmacêutico destaca que é preciso fazer uma estruturação da rede de saúde, garantindo o acesso médico à sociedade, especialmente às pessoas mais carentes. Ele lembra que é preciso tomar cuidado para que esse controle não ocasione o aumento do número de mortes em pacientes que vivem no interior do Brasil. Locais, que segundo Cristaldo, os médicos aparecem uma vez por mês. "Em muita cidadezinha, a população conta somente com o farmacêutico para receitar medicamentos. É por isso que acredito na importância do amadurecimento dessas ideias e medidas".





Fonte: A Gazeta

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