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Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Quinta - 23 de Setembro de 2010 às 15:46

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Uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da PUC-SP (câmpus Sorocaba) concluiu que o uso do jaleco não é um equipamento de proteção individual para os profissionais da saúde.

O estudo faz parte do trabalho de iniciação científica de duas alunos do sexto ano do curso --Fernanda Dias e Débora Jukemura--, com orientação da professora Maria Elisa Maluf, que avaliou o potencial da vestimenta médica como possível fonte e veículo de transmissão de microorganismos.

O objetiva da pesquisa foi comparar a microbiotia existente nos jalecos utilizados por estudantes de medicina, sobretudo nas mangas --região do punho-- e na própria pele dos usuários da roupa.

As pesquisadoras correlacionaram o grau de contaminação e a patogenicidade dos microorganismos encontrados com as seguintes variáveis: dia em que foi realizada a coleta; frequência de lavagens semanais do jaleco; uso por homens e mulheres; e o ano de graduação dos estudantes.

Durante um anos, elas analisaram 96 estudantes de medicina após o contato com pacientes da enfermaria de uma clínica médica. A metade usava jalecos de mangas longas e a outra não.

Os resultados indicam que a contaminação das vestimentas está presente em 95,83% das amostras.

"Essa elevada taxa de contaminação pode estar relacionada ao contato direto com os pacientes, aliada ao fato dos microorganismos poderem permanecer entre dez e 98 dias em tecidos encontrados em hospitais, como algodão e poliéster", explicaram as alunas.

O estudo ainda revela que os jalecos dos estudantes de medicina estão geralmente contaminados, principalmente nas áreas de frequente contato, como mangas e bolsos, e o principal microorganismo identificado foi Staphlococcus aureus, uma bactéria considerada uma das principais agentes de infecção hospitalar.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda a utilização dos jalecos para proteger contra acidentes e incidentes e reduzir a transmissão de microorganismos.

No entanto, o estudo mostrou que a pele da região do punho, tanto nos usuários quanto nos não usuários, estava contaminada em 97,91% e 93,75% respectivamente. "Evidencia-se assim, que a contaminação da pele dos usuários de jaleco não difere significativamente daqueles que não fazem seu uso, indicando que sua função deve ser questionada", ressaltou a professora.

Segundo as alunas o estudo também revela que a prática da lavagem das mãos, em ambos os grupos, não está adequada. "Essa prática deve ser estimulada antes e depois do contato com os pacientes, pois consiste numa conduta simples, de baixo custo e muito importante na prevenção de infecções hospitalares", esclareceram. "Além disso, a falta de higiene das mãos aumenta a contaminação dos jalecos, por serem frequentemente tocados pelos médicos no exercício da sua profissão."

Os resultados também mostraram que o número de microorganismos patogênicos aumentou consideravelmente nas coletas realizadas entre segunda e quinta-feira. "Em resumo, a função do jaleco como equipamento de proteção individual é questionável e esse instrumento pode representar um possível veículo de transmissão de microorganismos associado à infecção hospitalar se o uso não for aliado a cuidados adequados", contou a orientadora da pesquisa.

Maluf defende o uso racional do jaleco para prevenir a contaminação. "A vestimenta deve ser restrita ao ambiente de trabalho. Os médicos e estudantes não devem circular com ele fora do hospital ou da clínica", alertou.

A professora ainda sugeriu que o jaleco deve ser lavado com mais frequência ou que as próprias instituições devem ser responsáveis pela higiene das roupas. 






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