A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, avaliou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou para o terreno político o episódio da quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB quando ele falou, na noite de ontem, no horário de propaganda política da candidata petista ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. Indagada se o discurso de Lula contribuiu com o debate eleitoral, Marina respondeu: "Relevar o fato e levar apenas para o terreno político não contribui. Há um fato grave e não se pode achar que é uma questão meramente política."

O presidente ocupou na noite de terça-feira, 7, dois minutos e 15 segundos da propaganda de dez minutos da candidata do PT para defendê-la das acusações de seu envolvimento na quebra de sigilo dos tucanos. Lula disse que a oposição tenta atingir a petista com "mentiras e calúnias" por ela ser mulher.

Em visita nesta manhã à sede da Fundação Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), Marina voltou a defender punição rigorosa aos envolvidos no episódio e criticou os adversários por tentarem tratar a questão como "banal e corriqueira". "É uma violação de direitos o que está acontecendo no Brasil. É grave e não se pode ficar apenas politizando o fato como forma de minimizar esse acontecimento", disse Marina.

De acordo com ela, quem foi atingido pela violação está no seu direito de reclamar, mas ponderou que a queixa não é individual. "Tem de ser uma queixa institucional." Marina voltou a dizer que a violação de dados representa "um descontrole generalizado" na Receita Federal. E acusou a gestão pública de "estar com pés de barro". "Se nos lugares mais sensíveis acontece esse tipo de coisa, imagina o que pode acontecer em outras situações."

Debate

Indagada sobre a provável ausência de Dilma Rousseff no debate desta noite entre os candidatos à Presidência da República, em evento promovido pela TV Gazeta e pelo Grupo Estado, Marina avaliou que será um prejuízo para a democracia. Para ela, o debate é importante para a população conhecer as propostas dos candidatos antes de escolher o futuro presidente. "Não temos de ter medo de ter falhas, inclusive isso é muito bom para ver como lidamos com situações de dificuldades."