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Politica Brasil
Sábado - 21 de Agosto de 2010 às 17:29

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A Polícia Federal fechou hoje de manhã uma rádio pirata de Belém (PA) que vinha criticando a governadora Ana Júlia Carepa (PT), candidata à reeleição.

A Radio Tabajara, famosa na cidade por suas ironias sobre os políticos locais, operava havia dois anos e meio na internet e também, de modo ilegal, no dial FM, sem nunca ter recebido ameaça de fechamento.

Desde o ano passado, a rádio vinha tentando regularizar sua situação junto à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

Carlos Mendes, um dos jornalistas que fazem os programas, disse que Ana Júlia intercedeu politicamente para que a rádio fosse fechada, em um ato que ele classificou de "censura". A assessoria da governadora negou.

Ele disse que os agentes da Polícia Federal chegaram na rádio de manhã, sem nenhum tipo de ordem judicial.

"Disseram que cumpriam uma operação de rotina. Quando eu perguntei se a ordem vinha de cima, eles disseram que sim, e até me pediram desculpas", afirmou Mendes.

Foram levados os equipamentos de transmissão, que agora é feita apenas pelo internet.

Mendes reconhece que a rádio é ilegal, mas disse que a regularização é muito difícil e depende do que ele chamou de "carteirinha de deputado federal".

A reportagem ainda não conseguiu ouvir a versão da Polícia Federal.

Recentemente, foi ao ar um programa sobre um contrato de R$ 20 milhões entre o governo estadual e a empreiteira Delta, fechado às vésperas do período eleitoral.

Apesar de ser uma construtora, a Delta alugou 450 carros para a Polícia Militar, o que levou o Ministério Público Estadual a abrir uma investigação. O governo nega qualquer irregularidade.

O programa levou a coligação de Ana Júlia, Frente Popular Acelera Pará, a entrar com uma representação no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) alegando que os jornalistas feriram a lei eleitoral, ao criticar no ar um candidato, e pedindo multa. A ação, que ainda não foi julgada, nada tem a ver com o fechamento da rádio hoje.

Na rádio foram entrevistados os principais líderes do Estado, como o deputado federal e candidato ao Senado Jader Barbalho (PMDB), o ex-governador Simão Jatene (PSDB), que neste ano tenta voltar ao cargo, e parte da cúpula do PT.

OUTRO LADO

A coordenação da campanha negou "veementemente" que a governadora tenha intercedido para que a rádio fosse fechada, e disse que Ana Júlia não compactua com a prática da censura.

Em nota, a assessoria contesta a acusação de censura contra a Rádio Tabajara FM e diz que o fechamento da emissora "nada tem a ver com a representação da Frente [Popular Acelera Pará] à Justiça Eleitoral".

A Folha também procurou a assessoria do governo de Ana Júlia, mas não conseguiu encontrar seu diretor de comunicação.

LEIA A NOTA

A Frente Popular Acelera Pará, pela reeleição da governadora Ana Júlia Carepa, contesta a acusação de censura contra a Rádio Tabajara FM. Uma representação, formalizada pelo Jurídico ao Tribunal Regional Eleitoral, refere-se ao descumprimento sistemático, por parte da rádio, da legislação eleitoral, mais especificamente no que se refere ao art. 45, III, da Lei 9.504/97, que veda, a partir de 1º de julho do ano da eleição, nas emissoras de rádio e televisão, sejam difundidas opiniões contrárias a candidato.

O fechamento da rádio neste sábado, em uma operação conjunta entre a PF e a Anatel, nada tem a ver com a representação da Frente à Justiça Eleitoral, muito menos com a candidata Ana Júlia Carepa. Criada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1997, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) é uma agência reguladora brasileira, administrativamente independente, financeiramente autônoma, não subordinada hierarquicamente a nenhum órgão de governo brasileiro.

Na representação, a Frente pede à Justiça que a empresa seja multada, conforme estabelece o já referido artigo 45 da lei eleitoral. E envia como elementos de prova a gravação e a degravação de um trecho do programa Jogo Aberto, que foi ao ar em 7 de agosto deste ano, durante o qual os apresentadores Carlos Mendes e Francisco Sidou expressam claramente uma série de opiniões contra a candidata da Frente Popular Acelera Pará, Ana Júlia Carepa (PT), entre as quais um suposto uso eleitoral dos veículos alugados para a PM e uso de dinheiro público para propaganda, numa evidência de que a emissora vem "de forma direcionada realizando campanha de desgaste da imagem da candidata, esperando assim favorecer a um dos candidatos ao governo na disputa". 






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