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Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Segunda - 19 de Julho de 2010 às 10:46

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O tratamento precoce com o coquetel antiviral reduz em 75% o risco de morte de pacientes com HIV. Também cai em 50% o diagnóstico de novos casos de tuberculose, doença que mais mata os soropositivos brasileiros.

A conclusão é de um estudo controlado inédito publicado no "New England Journal of Medicine". No Brasil, 43% dos soropositivos iniciam a terapia tardiamente- quando a contagem das células de defesa do organismo (CD4) está muito baixa.

O nível de CD4 e o teste de carga viral (que mede quantidade de HIV no sangue) são os exames mais usados para decidir o início da terapia com os antirretrovirais, que inibem a reprodução do HIV.

O recente estudo, feito no Haiti, endossa o que outros trabalhos observacionais já tinham constatado: para reduzir as mortes, a terapia deve ser iniciada com o CD4 menor que 350 células por milímetro cúbico de sangue.

Em abril, o Brasil passou a adotar esse critério, a exemplo do que fazem os países europeus. Antes, a terapia era indicada quando o CD4 estava próximo a 200. Nos EUA, preconiza-se o tratamento ainda mais precoce, com o CD4 abaixo de 500 ou tão logo a pessoa descubra ser soropositiva.

DEFESA BAIXA

O principal problema no país, porém, é o diagnóstico tardio. Cerca de 630 mil brasileiros são portadores do vírus HIV, mas 255 mil ainda não sabem disso, segundo o Ministério da Saúde.

"As pessoas já chegam doentes ou com CD4 baixíssimo nos serviços. Temos os medicamentos, temos uma recomendação atualizada à luz dos estudos mais recentes, mas uma grande parte dos pacientes não se beneficia disso", diz Mário Scheffer, presidente do Grupo Pela Vidda-SP e membro do grupo de consenso terapêutico de Aids do Ministério da Saúde.

Segundo ele, há dois fatores que levam ao atraso no diagnóstico: a testagem anti-HIV é falha e a cobertura do teste rápido para a detecção do vírus ainda é "medíocre".

O infectologista Caio Rosenthal, do Instituto Emílio Ribas, explica que a maioria dos pacientes descobre o HIV quando procura o serviço de saúde em razão de outra doença (neurotoxoplasmose e tuberculose, por exemplo) ou, no caso das mulheres, de gravidez.

"Os médicos precisam ter a cultura de solicitar o teste de HIV aos pacientes. E são necessárias mais campanhas para alertar a população sobre a importância da testagem", afirma Rosenthal.

ANTECIPAÇÃO

Mudanças na antecipação do tratamento anti-HIV são sempre vistas com cautela. Como a infecção por HIV é uma doença crônica incurável, é preciso levar em conta os riscos de toxicidade, as falhas na adesão e a resistência do vírus às drogas.

"Embora alguns países desenvolvidos indiquem [a terapia] abaixo de 500, entendemos que, para a nossa realidade, está correto o critério de CD4 abaixo de 350 e carga viral acima de 10 mil para início da terapia", diz o médico.

No trabalho no Haiti, os pesquisadores avaliaram 816 soropositivos assintomáticos, com CD4 de 280 por milímetro cúbico de sangue. Metade do grupo iniciou o tratamento duas semanas após o diagnóstico e a outra metade teve de esperar a contagem de CD4 chegar a 200.

O estudo durou 21 meses e teve de ser interrompido por razões éticas óbvias: o adiamento da terapia havia quadruplicado o risco de morte no grupo que demorou mais para iniciar o tratamento. 






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