O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse neste sábado que as mais recentes sanções contra a República Islâmica são "patéticas", alertando que as potências mundiais se arrependeriam das ameaças feitas.

Em seu primeiro discurso desde que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aprovou novas sanções unilaterais à Teerã, Ahmadinejad afirmou que as medidas não afetariam a economia ou impediriam o país de ter um importante papel nas relações mundiais.

"Eles sabem que há um leão adormecido no Irã que está acordando e se ele acordar todos os relacionamentos no mundo vão mudar", disse ele a industriais. "Esses atos patético mostram que eles sabem que há grande poder humano escondido no Irã".

A legislação norte-americana seguiu sanções acordadas pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e da União Europeia, com o objetivo de pressionar Teerã a interromper um programa nuclear que alguns países temem ser destinado à produção de bombas --o que Teerã nega.

"Eles achavam que, se reunindo e falando uns com os outros e assinando documentos, poderiam impedir o progresso de uma grande nação", disse Ahmadinejad.

"O Irã é muito maior do que eles podem perceber em suas mentes pequenas", acrescentou ele. "Sabemos que, se a sociedade iraniana despertar não haverá mais espaço para potências arrogantes, corruptas e ameaçadoras".

O presidente iraniano minimizou consistentemente o impacto das sanções, classificando a resolução da ONU como "um lenço usado" e afirmando que o Irã pode se tornar autosuficiente em gasolina dentro de uma semana, se necessário.

Porta aberta

As declarações de Ahmadinejad chegam no mesmo dia em que líderes das potências formadas pelo G5+1 (EUA, Rússia, França, Grã-Bretanha, China, Alemanha e União Europeia) renovaram sua oferta de diálogo ao Irã, apesar das sanções unilaterais impostas nesta semana pelos Estados Unidos, informou departamento de Estado americano.

"Eles repetiram sua oferta de se reunir com o Irã para discutir sobre o assunto nuclear e enfatizaram que a porta segue aberta", disse Mark Toner, porta-voz do departamento de Estado.

William Burns, subsecretário do mesmo departamento, manteve uma série de reuniões com seus parceiros do G5+1 e com a chefe de diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.

O objetivo destas reuniões, disse Toner, foi "revisar a situação a respeito do programa nuclear iraniano".

Segundo o porta-voz, todos os países e a União Europeia reafirmaram seu apoio à resolução 1929, tomada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas no mês passado, que estabelece um novo e mais duro regime de sanções a Teerã até que seu programa nuclear seja esclarecido perante a comunidade internacional.

No entanto, também reiteraram que o objetivo do grupo é encontrar uma solução dialogada com o Irã para colocar fim as décadas de hostilidade entre o regime iraniano e o ocidente.

Toner destacou que Ashton comunicou esta intenção ao Irã em carta enviada ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na qual reiteraram que a porta do diálogo "segue aberta".

Sanções unilaterais

O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou na quinta-feira (1º) o que classificou como "as sanções mais duras contra o Irã já aprovadas pelo Congresso dos EUA". O objetivo é pressionar as importações de combustível ao país persa e penalizar os bancos estrangeiros que fizerem negócio com a República Islâmica.

  J. Scott Applewhite/AP  
Na Casa Branca, Obama assina a lei que impõe sanções ao Irã por seu programa nuclear
Na Casa Branca, Obama assina a lei que impõe sanções ao Irã por seu programa nuclear



Os EUA querem pressionar Teerã a suspender seu programa nuclear. Washington suspeita que o programa tenha como objetivo a fabricação de uma bomba atômica, mas o Irã insiste que tem fins meramente pacíficos.

O Senado e a Câmara dos Representantes aprovaram já tinham aprovado o projeto de novas sanções, que precisava apenas ser assinado por Obama.

"Em resumo, com essas sanções -- junto com as demais -- estamos atingindo o cerne da capacidade do governo iraniano de financiar e desenvolver seus programas nucleares. Estamos mostrando ao governo iraniano que suas ações têm consequências. E se eles persistirem, a pressão vai continuar a crescer, e seu isolamento vai continuar a se intensificar. Não deve haver dúvidas -- os EUA e a comunidade internacional estão determinados a evitar que o Irã obtenha armas nucleares", disse Obama.

Às medidas da ONU somaram-se nesta semana sanções extras aplicadas pelos EUA, pelo Canadá e pela União Europeia.

  Bebeto Matthews/AP  
Ainda no início do mês, Conselho de Segurança da ONU aprovou sanções contra Teerã
Ainda no início do mês, Conselho de Segurança da ONU aprovou sanções contra Teerã



No dia 16, o Tesouro dos EUA impôs sanções adicionais ao Irã por seu programa nuclear, pondo na "lista negra" mais empresas e pessoas suspeitas de ligações com o programa nuclear ou de mísseis do Irã.

As medidas proíbem transações de americanos com as entidades listadas, e buscam congelar quaisquer bens que elas tenham sob jurisdição americana. A União Europeia anunciou medidas adicionais semelhantes no dia 17.

O Irã alertou os Estados da União Europeia sobre "consequências desastrosas" por sua decisão de impor sanções adicionais a Teerã por seu programa nuclear.

"Sem dúvidas, tal atitude de confronto pode trazer consequências desastrosas para as relações entre a República Islâmica do Irã e a União Europeia", disse Manouchehr Mottaki, chanceler iraniano, em carta aos chanceleres da UE.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS