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Policia MT
Sexta - 02 de Julho de 2010 às 23:27
Por: Alexandre Alves

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Aproximadamente 20 assaltos a agências bancárias foram registrados nos últimos três anos em Mato Grosso, segundo apurou a reportagem do Olhar Direto, com base no cruzamento de informações da inteligência do setor de segurança e relatórios das forças policiais. A maior parte dos assaltos foi em cidades pequenas e médias , mas com economia aquecida. Outra característica dos municípios vitimados é o baixo efetivo policial. E o modus operandi (modo de operação) é praticamente igual em quase todos, dando a entender que uma mesma quadrilha ou uma mesma facção possa estar cometendo os roubos.

Os ladrões mapeiam a cidade onde haverá o sinistro, bem como a zona rural, estradas vicinais, matas, rios e tudo que possa contribuir com a fuga. Depois, provavelmente com informações privilegiadas, monitoram o dia em que a agência bancária – na maioria das vezes a do Banco do Brasil – será ‘abastecida’ com dinheiro levado pelo carro forte. O passo seguinte é ‘mobilizar o bando’ e traçar a ação e as rotas de fuga.

Feito isso, o bando rouba carros um ou dois dias antes, em cidades vizinhas, quase sempre caminhonetes S-10 ou pick-ups Strada. De posse de armas pesadas, como espingardas calibre 12 e 20, de repetição, fuzis e até metralhadoras, seguem rumo à cidade, encapuzados, e chegam atirando na porta do banco. Com os vidros quebrados, uns entram e outros ficam à frente da unidade.

Em seguida, os que estão lá dentro levam os clientes para fora da agência. Mandam eles tirarem as camisetas e ficarem fazendo a ‘barreira humana’, enfileirados na frente da agência. Os ladrões ficam atrás da barreira de pessoas. Essa tática impede que o efetivo policial da cidade chegue atirando, já que podem acertar inocentes.

Enquanto isso, os líderes da quadrilha forçam o gerente e o tesoureiro do banco a abrirem os cofres, que geralmente demoram 15 minutos para destrancar a porta após ser digitada a senha. Nesse ínterim, os ladrões que estão atrás da barreira humana ficam atirando, geralmente para cima, para intimidar as pessoas e policiais.

Com o dinheiro do cofre dentro de malotes, os criminosos seguem para fora da unidade levando entre cinco a dez reféns, que ficam, de maneira estratégica, sempre na frente dos ladrões. Depois os reféns são colocados em cima das carrocerias dos pick-ups e os bandidos se misturam a eles, para evitar que a polícia atire rumo ao carro durante a fuga. Em alguns roubos, reféns também foram colocados em cima dos capôs, ‘protegendo’ o motorista.

Em algumas ocasiões também roubam caminhonete de algum cliente que esteja na agência para auxiliar na fuga. Em seguida, a quadrilha, com os reféns, segue na rodovia escolhida e vai soltando os reféns, geralmente entre dez a vinte quilômetros de distância na cidade. Na maioria das fugas, uma caminhonete é atravessada em cima de uma ponte e colocada fogo, evitando assim que a polícia avance com rapidez.

O último passo da fuga é adentrar na mata, em local já planejado. A partir daí, o bando pode se dividir ou até receber apoio de resgate por outros comparsas, por meio de estradas vicinais, carreadores dentro do mato e cortando pelo meio de fazendas. Em um assalto em Tabaporã, no nortão, em setembro de 2009, chegaram a fugir pelo rio, usando um bote inflável.

A polícia sempre se mobiliza e começa cerco nas matas, mas na maioria das vezes não conseguiu prender os assaltantes. Um dos casos de sucesso na captura foi ao roubo do Banco do Brasil de Paranatinga, em dezembro de 2009, quando um índio avisou a Polícia Militar de Sapezal que um homem todo sujo rondava a aldeia. O ladrão foi preso e R$ 750 mil recuperados.

ROUBOS DOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS:

Os registros mais antigos retornam ao mês de outubro de 2007, quando um bando assaltou uma cooperativa de crédito em Vera (microrregião de Sinop). Naquela ocasião, a maioria dos ladrões foi presa. Em maio de 2008 houve o sinistro no Banco do Brasil de Campo Verde (130 km ao Sul de Cuiabá). Em setembro do mesmo ano foi em Comodoro.

Em outubro de 2008 foi no Banco do Brasil de Matupá, no extremo norte. Em 9 de fevereiro de 2009 na agência de Nova Mutum. No final do mesmo mês, em Tabaporã (região de Juara). Em agosto foi em Paranatinga Em setembro, no dia quatro, novamente em Tabaporã. Quatro dias depois foi em São José do Rio Claro, quando o bando roubou o Banco do Brasil e o Sicredi da cidade.

No dia 2 de dezembro foi novamente em Paranatinga e a quadrilha também roubou dois bancos, Bradesco e Banco do Brasil. Em 5 de janeiro de 2010 foi a vez dos ladrões roubarem o Banco do Brasil de Canarana (820 km de Cuiabá), na região do Araguaia.

No dia 3 de março, sinistro ao Banco do Brasil em Aripuanã, que fica a cerca de 900 km da capital, região noroeste. Desde então as quadrilhas haviam ‘dado um tempo’ às agências do Estado, que foi quebrado nesta sexta-feira, com o assalto em Nova Mutum.






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