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Agronegócios
Quinta - 24 de Junho de 2010 às 21:04

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“Melhorou, e muito”. Esta é a opinião do agricultor José Victor Mudesto, conhecido como Zé Branco, assentado no projeto Katira, em Cáceres, no Mato Grosso, ao aprovar, após um ano de instalação em seu lote, o sistema de captação e armazenamento de água da chuva para consumo da família e dos animais. “Antes disso a gente precisava andar três quilômetros (ida e volta) de carroça, duas vezes ao dia, para buscar 500, 600 litros de água. Perdia muito tempo e animal, era muito pesado pra eles. Ajudou a melhorar cem por cento”, avaliou.

A cisterna para armazenamento da água de chuva instalada no assentamento Katira, um sistema de fácil montagem e baixo custo, é um projeto piloto no estado e foi implantado pela Superintendência Regional do Incra em parceria com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer) na busca de soluções sustentáveis para o problema de escassez de água em assentamentos, como atestou o superintendente regional da instituição, Willian Sampaio. Segundo ele, a questão da água potável tem sido um dos maiores desafios enfrentados pelo Incra em seus assentamentos, principalmente nesta região onde há sete projetos com cerca de 300 famílias assentadas.

A área fica na fronteira com a Bolívia onde a falta de água é grave. A maior parte do solo é composta de rochas calcáreas, com baixa disponibilidade de aqüíferos e que não garantem precisão na perfuração de poços profundos. Devido às dificuldades geológicas, os poços perfurados apresentam-se secos ou com pouca água, situações que se apresentaram após a implantação dos assentamentos.

E como na região chove entre 1.200 a 1.500 mililitros ao ano, intercalado por um período de seca de aproximadamente seis meses, a água das chuvas apresenta-se como uma das soluções. “E acreditamos que seja, principalmente agora com a aprovação do sistema pelo Sr. Zé Branco”, afirmou o técnico do Incra responsável pelo projeto, Samir Curi. Segundo ele, as cisternas têm também por finalidade estimular o processo de educação ambiental. “A ideia do uso racional da água é mais uma forma de buscar o desenvolvimento sustentável”, completou Samir. 

Da cisterna parte da água vai para a caixa, para abastecimento da residência, e parte vai para os animais e plantio. A água utilizada para beber e cozinhar torna-se potável após passar por um filtro de areia artesanal implantado pela Empaer, que também presta assistência técnica aos agricultores.

Em seu lote de 42 hectares, Zé Branco, com ajuda da família, cultiva de tudo um pouco. “E se a gente tiver água produz mesmo, e muito!”, disse ele apontando para o plantio consorciado de eucalipto, teca e pequi. Cultiva ainda mandioca, melancia, abóbora, milho, arroz, feijão e amendoim, além de criar algumas cabeças de gado e porco. Vive do que produz no lote. “Quero produzir mais, só preciso de mais água, ou de mais cisternas desta aqui”, disse ainda Zé Branco.

Cisternas

A cisterna instalada é de vinil e não de concreto. Em um buraco de 2,6 de diâmetro e 1,5 metro de profundidade na terra acomoda-se a manta de vinil atóxico, o mesmo utilizado para fabricar bolsas de sangue. Comporta até oito mil litros de água, que chega à cisterna através de uma espécie de tubo normalmente instalado na calha do telhado da casa. O kit contendo a estrutura metálica e a cobertura de vinil pesa 60 quilos e custa R$ 1.700,00. Após cavar o buraco, o tempo de instalação é de apenas 40 minutos.

Além do assentamento Katira, outras quatro cisternas semelhantes foram instaladas estrategicamente no estado para demonstração e pesquisa do sistema. Em Cuiabá na sede do Ibama, para fornecer água aos animais silvestres apreendidos, e no Centro Federal de Educação Teconógica (Cefet) unidade Bela Vista, para aulas de educação ambiental e de química.

Outras duas estão em Chapada dos Guimarães, no hortoflorestal e na horta comunitária. Todas estas cisternas são monitoradas pelos alunos dos cursos de Gestão Ambiental, Técnico de Meio Ambiente e de Química do Cefet-Bela Vista. Entre as atividades está a análise da qualidade da água, que se mostra satisfatória.






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