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Domingo - 13 de Junho de 2010 às 04:54
Por: Raquel Ferreira

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Fausto destaca que existem vários outros casos de
Fausto destaca que existem vários outros casos de "autorizações" e "contratações" de execuções de dentro das cadeias

O traficante Moacyr Franklyn Garcia Nunes, 31, que estava na Penitenciária Central do Estado e foi solto por meio de venda de sentença, encomendou de dentro da prisão a morte do "comparsa" Edvaldo de Almeida, 29, em 4 de julho de 2008. Ele e o irmão, Luciano Garcia Nunes, 35, possuem extensa ficha criminal e, nas investigações da Polícia Federal, ainda aparecem envolvidos com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Nas interceptações telefônicas feitas pela PF, é Ivan Fortes quem negocia com Ivone Reis a compra da liberdade de Moacyr, que custou U$ 30 mil. O dinheiro foi entregue pelo Luciano à advogada Célia Cury, em um encontro marcado na casa de Ivone. Ela fica admirada com o pagamento antecipado. Dias depois, Luciano conversa novamente com Ivone e comenta que está bebendo cerveja e comemorando a conquista, neste caso, a soltura do irmão.

A dupla é envolvida em diversos crimes, com foco no tráfico internacional de drogas. Entre 1999 e 2009, Luciano foi indiciado 8 vezes por estelionato, receptação, formação de quadrilha, adulteração de veículos, roubo, porte de arma, tráfico internacional de drogas e associação ao tráfico.

Moacyr tem passagens por roubo do Correio de Matupá, uso indevido de documento falso, tráfico internacional de drogas, associação ao tráfico e compra de moeda estrangeira de forma ilegal.

Eles são investigados ainda pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá pela morte encomendada de Edvaldo. Responsável pelo inquérito, o delegado Fausto Silva diz que as informações de ligação com o PCC surgiram das investigações da PF, que resultou na operação "Asafe". Ele destaca que tem conhecimento da participação da dupla em uma quadrilha altamente organizada, envolvida com o tráfico de drogas.

Em vários trechos de interceptações telefônicas de Ivone, conforme a Polícia Federal, aparecem informações dando conta do envolvimento de "Frank", como é chamado, com o tráfico e as ordens dele de dentro da prisão. Ivan reforça diversas vezes à Ivone que Moacyr tem disponível 34 milhões (não é especificado se real ou dólar) para investir no esquema de venda de sentenças.

Segundo o delegado Fausto, a Edvaldo teve a morte autorizada por Moacyr e Luciano atuou na contratação do assassino, que ainda não foi identificado. O inquérito ainda está em andamento. O delegado comenta que a vítima fazia parte da organização criminosa e figurava como "laranja" da quadrilha. A DHPP acredita que deva ter ocorrido algum desentendimento interno que resultou na morte de Edvaldo.

O corpo da vítima foi encontrado em Várzea Grande, próximo a fábrica da Coca-Cola, pouco depois da morte, que deve ter ocorrido em outro lugar. O homem foi esfaqueado diversas vezes no pescoço, abdome e costas.

Segundo Fausto, Moacyr foi preso em Cáceres pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) portando documentos falsos e U$ 21.4 mil, que provavelmente seriam investidos em drogas. No momento do flagrante, o acusado dirigia uma caminhonete que estava em nome de Edvaldo. No veículo havia ainda vários documentos que mostravam a vítima como empresário do ramo de terraplanagem. A Polícia acredita que a empresa era usada para lavagem de dinheiro da quadrilha. Essa ligação da vítima com os irmãos traficantes mostra que eles eram amigos e faziam parte do mesmo esquema.

A descoberta do mando ocorreu após uma ligação anônima. Fausto destaca que existem vários outros casos de "autorizações" e "contratações" de assassinatos de dentro das cadeias. "Não é corriqueiro, mas existem outras situações semelhantes. Tem casos que os participantes da quadrilha também pedem autorização para quem está preso antes de cometer os crimes".

Conversa entre Ivone Reis e Ivan Fortes mostra que mesmo preso, Moacyr Franklin, o Frank, comanda as ações da quadrilha. A interceptação telefônica foi feita pela PF no dia 4 de junho de 2009, às 13h48.Ivone: Quem fez o contato fui eu...Ah, tá.O nosso contato é o Frank, que está dentro do presídio (incompreensível) hoje é (incompreensível). Tanto é que o Andrade saiu daqui naquela hora que ele ligou, que eu falei com a senhora, ele chegou lá pedindo pra trazer os outro 34 milhões. Eu falei: Não, vamos primeiro falar com o Frank, eu tenho que dar satisfação.

 

Ivan: Oh, de quem é o povo dos cartórios?

Ivone: Santana e Max. (initeligível) Santana, todos os dias Santana (inteligível) essa conta.

Ivan: Tá. Então o Santana entra em contato com o cara que tá aqui dentro do presídio, que é do PCC, que é do mesmo grupo dele. Quer dizer, ele se vira. Porque hoje sai 11 e pouco do presídio encontrando o cara. Então, deixa eles se conversar, então.

Ivone: Incompreensível

Ivan: É. É muito simples, tanto é que a parte que vai tocar pra nós vai ser a factoring, eles não estão preocupados com isso.

Ivone:

Ivan:

Minutos depois, Ivone frisa mais uma vez sua influência no meio judiciário.





Fonte: A Gazeta

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